O meu filho mais velho tem 5 anos e é o mais velho de três irmãos. É um rapaz muito distraído e nervoso. Não brinca sozinho. Não é capaz de se concentrar em jogos, ou seja, no que exija alguma concentração. Desiste das coisas quando não consegue logo à primeira, não "pode" ouvir um não e por mais que tente explicar-lhe a razão não faz birras, mas fica muito triste, chora e parece que de desgosto... Se eu lhe digo para parar de fazer alguma coisa, normalmente asneira, ou até coisas simples como arrumar os sapatos, só vai quando eu me começo a zangar. Com os amigos... tem os preferidos dele, mas se chega algum daqueles miúdos que é mais "terrorista", vai logo atrás deles para fazer as asneiras com eles, deixando os outros para trás. Vai sempre atrás dos "asneirentos". Já não sei o que fazer mas pergunto se devo preocupar-me. Ele sempre foi assim. Procuro ajuda? Já não sei o que fazer!! Quando os irmãos nasceram ele reagiu muito bem, não regrediu, e dá-se muito bem com eles. Claro que têm aquelas "brigas", mas nada de mais.
C.
A sua experiência enquanto mãe de três crianças, aliada à sua sensibilidade, é a principal ferramenta para desconstruir estas dificuldades. Em primeiro lugar, e como refere, o seu filho mais velho "sempre foi assim", pelo que é possível que uma parte destas dificuldades digam respeito à sua própria personalidade e não tanto a mudanças por que tenha passado. Claro que considero legítimas as suas preocupações, nomeadamente as que estão relacionadas com a dificuldade em lidar com a frustração e com os problemas de concentração. Não conheço em detalhe o caso do seu menino, mas posso assegurar-lhe que, de um modo geral, as crianças são facilmente aliciadas pela novidade, pelo risco, pelos disparates, descentrando-se dos deveres ou até das brincadeiras mais convencionais, sem que isso indicie que estamos perante uma situação de défice de atenção.
É importante que respeite as características individuais de cada um dos seus meninos, sem que isso implique falta de firmeza. De resto, creio que o seu filho mais velho precisará, sobretudo, da implementação rigorosa de um esquema de castigos e incentivos ajustado à sua idade. Se a criança souber, por exemplo, que sempre que se porta mal ou é desobediente, é-lhe retirado um benefício (como o uso da consola) ou é aplicado o time-out, interiorizará mais facilmente as regras. Não se trata de se zangar mais claramente ou de forma mais rigorosa. Tratar-se-á, isso sim, de ser capaz de exercer esta disciplina ao mesmo tempo que expressa de forma muito clara os seus afectos e o seu contentamento aquando do cumprimento das regras. De resto, o comportamento das crianças muda essencialmente através do reforço positivo. Note, no entanto, que este reforço não tem de passar pela recompensa material, mas sobretudo pelas demonstrações de carinho e de orgulho.
Se não se sentir capaz de gerir estas dificuldades e/ou se estas se agudizarem, não deve hesitar em pedir ajuda a um psicólogo treinado. Mesmo que não haja nenhum transtorno sério, um profissional especializado ajudá-la-á a contornar estes episódios sem que se sinta esgotada.