Sou casada há 9 anos e durante o meu ralacionamento houve uma traição da parte dele, da qual resultou um filho fora do casamento. Separei-me quando soube porque o meu maior sonho era ser mãe mas ele lutou pelo nosso relacionamento e resolvi dar uma segunda oportunidade. Logo depois engravidei e a diferença de idade dos nossos filhos é de 4 meses. Mas o mais difícil nesta história toda é conviver com a insegurança de que possa acontecer de novo, embora ele me tenha escolhido. Ele mantém um relacionamento de amizade com a mãe do miúdo. Ajude-me a superar esta dificuldade na minha vida.
C.
A infidelidade é uma realidade com que todos os terapeutas familiares lidam diariamente. Afecta uma imensidão de casais em todo o mundo e deixa feridas emocionais que levam algum tempo a sarar. Nem todos os casais sobrevivem a uma infidelidade, mas aqueles que escolhem reconstruir a relação depois da revelação acabam quase sempre por ter de olhar para trás, para o que contribuiu para o afastamento, para o que abriu espaço ao aparecimento de uma terceira pessoa. Falar sobre o passado não é "só" olhar para o que correu mal - é, sobretudo, redescobrir o cônjuge, os seus sentimentos, as suas mágoas, as suas necessidades, aquilo que passou ao lado durante anos. Esta tarefa é infinitamente mais difícil quando o cônjuge traído tem de conviver diariamente com as marcas palpáveis da traição, como acontece quando da relação extraconjugal resulta o nascimento de uma criança, mas o desafio é ultrapassável.
Em primeiro lugar, é fundamental que se una ao seu marido, assumindo que ambos fizeram uma escolha. A leitora escolheu voltar a apostar no seu casamento, tal como o seu marido escolheu-a a si em detrimento da outra pessoa e isso significa que assumiram um compromisso, que ambos estarão dispostos a alimentar. Desse compromisso deve resultar a capacidade para conversar abertamente sobre aquilo que os fragiliza. De nada adiantará conter as suas inseguranças, calar os seus medos, mas isso não deve implicar que critique e/ou ataque o seu marido. Dar-lhe a conhecer aquilo que a deixa mais insegura ou enciumada permitirá que o seu marido possa confortá-la e eventualmente fazer escolhas diferentes baseadas nas suas emoções. Mas é importante que ele também se sinta apoiado, que possa sentir-se seguro para falar consigo sobre os seus próprios medos (porque os terá) ou sobre aquilo que o incomoda. O "segredo" para ultrapassar este turbilhão é o diálogo sincero e o respeito pelos sentimentos do outro. Nalguns casos, é mais fácil lidar com este novelo de relações recorrendo à ajuda de um terapeuta familiar.