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ALCOOLISMO: O IMPACTO NA FAMÍLIA

O meu namorado começou a beber há muitos anos para tentar melhorar a sua auto-estima. Era um rapaz tímido e sentia que um copo de vinho ou um whisky ajudavam a melhorar a sua sociabilidade. No entanto, com o passar do tempo e o acumular de novos traumas, começou a beber cada vez mais, chegando a um ponto de não retorno. Está a ser acompanhado, mas, na verdade, penso que lhe está a fazer mais mal que bem. Isto porque a psicóloga lhe diz que o problema principal não é o álcool mas sim os traumas. Isto faz com que ele ignore o problema do alcoolismo e pense que basta apenas resolver esses traumas para deixar de beber, em vez de tentar solucionar os dois problemas em conjunto. E assim continua a beber cada vez mais. Felizmente, não se torna violento quando bebe, mas não é por isso que me sinto menos preocupada. Já não sei o que fazer para convencê-lo de que tem de parar de beber.
A.

Conviver com o alcoolismo é, em si mesmo, potencialmente perigoso em termos da saúde mental. Não raras vezes, ao fim de algum tempo, os familiares e as pessoas mais próximas do alcoólico também se sentem abatidos, deprimidos e precisam de ajuda especializada, já que, independentemente de o abuso do álcool ser ou não gerador de violência, é muito triste assistir aos danos provocados por esta dependência. Neste caso, e apesar de compreender a sua aflição, devo salientar que é muito positivo que o seu namorado tenha sido capaz de pedir ajuda especializada. Claro que nenhum técnico fará milagres e pode levar algum tempo até que o seu namorado seja capaz de assumir a doença (alcoolismo) e pare efectivamente de beber, mas este é um passo crucial para que saiam do ciclo vicioso em que vivem. O que a psicóloga que acompanha o seu namorado pode ter querido dizer é que as feridas emocionais devem ser tratadas para que o sintoma (consumo de álcool) desapareça, mas isso não significa que esteja a minimizar o problema e muito menos que não saiba o que está a fazer. É importante que o seu namorado se sinta apoiado por si em relação a esta intervenção psicoterapêutica, sob pena de facilmente desistir de qualquer forma de ajuda, como acontece em tantos casos.

O seu papel não passa por convencê-lo a deixar de beber, mas antes por mostrar de forma muito clara o impacto deste comportamento nos seus sentimentos. Claro que eu sei que tem tentado mostrar a sua preocupação, mas refiro-me à possibilidade de mostrar a sua tristeza, o desespero que sente em episódios específicos. Mais do que chamar a atenção para disfuncionalidade dos comportamentos do seu namorado, compete-lhe mostrar os danos emocionais que o alcoolismo produz. Peça-lhe ajuda, peça-lhe que a ajude a sentir-se mais feliz, mais segura, porque isso ajudá-lo-á a olhar para o problema de outro ângulo. Lembre-o de que esta é uma doença que afecta a família e não apenas o doente. É por isso que, não raras vezes, a intervenção tem de ser multidisciplinar, envolvendo também sessões de terapia familiar.