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DAR UM TEMPO

Tenho 28 anos e terminei muito recentemente uma relação de 9 anos, em 5 dos quais vivemos juntos. Eu e o meu namorado sempre nos demos bem, tirámos o curso juntos e desde então a procura por trabalho é constante, mas é muito difícil. Eu já comecei a trabalhar e ele não. Quando isso aconteceu os problemas entre nós agravaram-se e o terminar e recomeçar a relação foi constante. Eu sempre lutei muito pela nossa relação, para que desse certo, mas da parte dele não sentia isso, sentia que ele deixava andar e me tomava como garantida. Recentemente com um novo término da relação ele ficou sem me falar alguns dias, e quando veio ter comigo eu disse que estava terminado. Ele disse que não podia ser, que me ama muito e que só agora percebeu o que estava a perder... Eu estou baralhada, pois sinto que o que sentia por ele já não é o mesmo... Já não o amo com a mesma intensidade... Desta forma, pedi-lhe para darmos um tempo na nossa relação pois eu preciso de ter a certeza dos meus sentimentos. Neste momento a minha principal preocupação é se ele está bem, se está a sofrer, se o estou a magoar... Não consigo deixar de pensar nisso, nem nele, mas sinto que neste momento é o mais correcto a fazer. Porém, estou com medo de este tempo me afastar ainda mais ao ponto de acabar com o que ainda sinto por ele. Estou tão desorientada... Já nem sei se o que fiz foi bem ou mal.
M.

Todas as relações amorosas incluem ciclos, períodos de maior proximidade e períodos de maior afastamento. Ao fim de 7, 8 ou 9 anos de relação, é natural que a leitora e o seu namorado já tenham passado a fase de enamoramento e que também já tenham tido oportunidade de aceder aos defeitos e fragilidades de cada um, já tenham divergido e negociado em relação a inúmeras matérias. Mas isso não quer dizer que possam tomar o outro como garantido e muito menos que não haja mais negociações pela frente. Pelo que me é dado a perceber, o facto de terem passado para uma nova etapa em termos profissionais terá desencadeado algumas "lutas de poder" que não foram bem resolvidas. A leitora ter-se-á queixado, terá dado a conhecer a sua insatisfação e as suas reivindicações e o seu namorado não terá sido capaz de corresponder, daí que se sinta mais distante e porventura desapontada. É por isso que os seus sentimentos e a sua ligação ao seu namorado não são tão intensos. Parece-me claro que ainda gosta do seu namorado, até porque os afectos não desaparecem da noite para o dia, mas é possível que esses sentimentos digam respeito ao carinho e à preocupação com o bem-estar com a pessoa com quem viveu boa parte da sua vida adulta. Tanto quanto me é dado a perceber, este afastamento físico pode implicar a agudização do fosso emocional, sim, mas também pode servir para que cada um discirna sobre o que sente e possam, assim, tomar decisões ponderadas, sem pressão. Reaproximar-se do seu namorado pelas razões erradas (acomodação ou pena, por exemplo) fá-los-á infelizes, pelo que não deve sentir-se embaraçada por precisar de tempo/espaço para organizar o seu coração.