Tenho 32 anos, o meu marido tem 34 e tenho duas filhas, de 7 anos e de 19 meses. Tomo a Mercilon há anos. Há bastante tempo reparei que o apetite sexual não existe mas agora o meu marido já se queixa (coitado). O começo é um sacrifício, o "durante" é mais ou menos, o momento é bom e depois fico com dores internas e externas (tenho que colocar uma toalha molhada nos lábios vaginais). Nas idas ao médico ninguém me consegue explicar o que se passa. O meu marido já usou lubrificantes (teve alergias a alguns), preservativo e nada. Já li muita coisa, exprimentei muita coisa e nada.
S.
Embora não conheça detalhadamente a sua história, não posso ignorar o facto de ter escrito que há algum tempo que não sente desejo sexual. Sendo o desejo sexual hipoactivo muito comum nas mulheres, há muitos factores que podem estar na sua origem. De um modo geral, o desejo sexual está directamente associado à comunicação conjugal em geral e, nas mulheres, a satisfação sexual depende da satisfação em termos emocionais. Não conheço o seu percurso nesta relação, mas sugiro que olhe para a sua relação como um todo porque é possível que estas dificuldades sejam a face visível de um problema que residirá noutras áreas da conjugalidade.
O facto de sentir muitas dores poderá estar relacionado com a inexistência de lubrificação, que resulta da diminuição do desejo sexual. A lubrificação feminina depende do desejo, pelo que, mesmo que o acto sexual seja "forçado" por si mesma, se não estiver realmente excitada, sentirá dores, que agudizarão o ciclo vicioso, potenciando a frustração de ambos.
Olhe para a intimidade sexual como uma consequência do "namoro" com o seu marido. Esforce-se por avaliar até que ponto se sente valorizada nesta relação, se estarão a dar o vosso melhor no sentido de mostrar ao outro quão importante ele(a) é, se estarão a prestar atenção às necessidades mútuas. Sei que não é fácil manter os níveis de satisfação sempre elevados, particularmente quando se tem duas crianças pequenas, mas é fundamental que conversem sobre aquilo de que cada um precisa para que voltem a sentir-se seguros.
Se não forem capazes de ultrapassar este impasse sozinhos devem considerar a hipótese de recurso à terapia de casal.