Carta original:
Tenho 20 anos e desde que me conheço que sei que tenho um problema e já procurei ajuda que sinto que não está a resultar. Sinto uma enorme vontade de acabar com a minha vida cada vez que me confronto com situações adversas, não tenho amigos e fico em pânico com a possibilidade de ter de conviver ou falar com alguém. Quando era mais nova era gozada na escola pela minha timidez e aspecto físico, era a típica "crominha" da turma e chamavam-me de sonsa. E ainda hoje continua a ser assim - ando na faculdade e continuo a ser gozada e pouco apreciada pelos meus colegas. Na verdade, para além dos meus pais, nunca tive ninguém que gostasse de mim e por isso sou muito apegada a eles. Não sei se o meu problema se trata de uma simples depressão, mas a verdade é que isto afecta-me não só a mim como aos meus pais e estou desesperada. Quando penso que tudo acabará com a morte fico aliviada mas ao mesmo tempo sinto-me pressionada a ser feliz para não fazer sofrer os meus pais. Infelizmente, dou demasiada importância ao que os outros pensam de mim e passo a vida a pensar nas situações negativas (gozo, julgamentos de carácter, etc.) pelas quais passei. Preciso constantemente que me digam que gostam de mim e que me aprovem como pessoa para me aceitar a mim própria mas como isso quase nunca acontece estou sempre triste. Sinto que nunca vou ser feliz porque não me consigo desligar destes pensamentos. Acordo e adormeço desesperada sob um sufoco que se prolonga pelo dia todo e tenho momentos de muita irritação e choro (chego a sair das aulas para ir chorar para a casa de banho)... Não sei o que fazer, já cheguei ao extremo do egoísmo, porque só me consigo concentrar na minha tristeza e nas pessoas que não gostam de mim e que me tratam ou trataram mal...
Ana Rita