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ANSIEDADE E ATAQUES DE PÂNICO

Tenho 30 anos e sou mãe de duas criancas lindas. Residi em Inglaterra durante 8 anos e sempre detestei o país - frio, cinzento e a solidão que sempre senti que me trazia, pelo que decidi voltar para portugal. Mas tive muitos problemas monetários e vi-me obrigada a voltar para o estrangeiro mais uma vez, para poder proporcionar uma vida melhor aos meus filhos. Tenho um companheiro espectacular que me ajuda e entende a 100%, não me sinto feliz e sofro há alguns anos de ansiedade e ataques de pânico. Já me foram dados inúmeros comprimidos mas nunca achei que resultassem e nunca me tornei assídua do seu uso. O meu médico resolveu mandar-me para uma psicóloga e achei que até me ajudou nos ataques de pânico mas ao fim da terceira consulta desisti. Tinha sempre vontade de chorar cada vez que estava perante a pessoa e nao era capaz de descrever tudo o que realmente sentia. Passo muito tempo em casa, tomo conta da minha filha há mais ou menos um ano e meio, porque aqui ela só pode ir para a escola aos três anos, a minha vida social acabou desde o momento em que voltei, ultimamente sinto-me muito negativa... Só penso em coisas más que possam acontecer aos meus filhos e, para agravar, ainda penso que os meus pensamentos vao atrair tudo aquilo em que pensei e então tento pensar em coisas positivas, ou seja, é uma mistura de pensamentos que me deixam às vezes a pensar que a minha sanidade mental está a desaparecer. Neste momento penso voltar para o meu país mas não consigo arranjar coragem para o fazer visto que tenho a minha família aqui e acho que os deixo infelizes se o fizer. Por favor aconselhe-me pois sinto-me perdida e nao vejo luz nem côr na minha vida e tenho medo de atrair coisas más com os meus pensamentos negativos..
A.

Antes de mais, é preciso que reconheça que, racionalmente, não há qualquer evidência de que os pensamentos negativos possam atrair eventos negativos correspondentes. Senão, o mesmo seria verdade em relação aos pensamentos positivos, não acha? Bastar-nos-ia pensar em coisas boas e estas aconteceriam...

Os pensamentos negativos são poderosos, sim. Mas isso é porque são devastadores, porque nos retiram bem-estar, porque nos deixam com a sensação de impotência. São, essencialmente, um sinal de que algo não está bem. Em muitos casos, são um sinal de transtornos depressivos, tal como acontece com os episódios de pânico.

Se, de um modo geral, não esperamos que as doenças físicas se curem sozinhas, sem intervenção, por que havemos de ter essa expectativa em relação à saúde mental? A intervenção é crucial, sob pena de os sintomas de intensificarem, incapacitando-a cada vez mais.

O facto de a intervenção médica e psicológica a que se submeteu não ter tido os resultados que esperava não deve ser motivo de desistência. No que diz respeito à medicação, às vezes é preciso fazer ajustamentos ou até mudar de fármaco - essa avaliação deve partir do médico que a acompanhar, com base nas suas próprias descrições. Mas é preciso dar tempo para que os medicamentos façam efeito. Quanto à psicoterapia, há duas notas que gostaria de lhe deixar: em primeiro lugar, é fundamental que se sinta à vontade com o terapeuta que escolher, sob pena de a terapia ficar comprometida. Coloque todas as questões que entender por bem e, caso se sinta insatisfeita, procure outro profissional. Da qualidade da aliança terapêutica depende grande parte do sucesso do processo terapêutico. Em segundo lugar, é fundamental que seja tolerante consigo mesma. Se desistir ao fim de três consultas, estará a ser demasiado exigente.

Investir na sua saúde e no seu bem-estar ajudá-la-á a enfrentar com maior segurança os diferentes papéis que compõem a sua vida. A sua família agradecerá!