Tenho 28 anos e encontro-me grávida de sete meses. Tenho um marido que diz que me ama e que nao me trocaria por nenhuma mulher, que sou a mãe do filho dele, mas na verdade cada dia que passa sinto que ele se afasta mais e, apesar de ele me dizer o contrário, sinto que ele cada vez me ama menos. Está muito feliz por ser pai, mas em relaçao a mim não sinto a compreensão que eu esperava nem o carinho que necessito. Sinto-o de certa forma muito desligado de mim e por vezes parece que está saturado. Sinto-me muito insegura, triste pela "ausência" dele e tenho medo que o bebé, apesar de ser a coisa que ele mais queria no mundo que era ser pai, possa estragar a nossa relaçao. Consegui até "manter a linha" mesmo gravidá, até me posso considerar uma grávida bonita... Continuamos a ter relações sexuais, mas mesmo assim sinto-me muito insegura e estou sempre na ideia que ele pode ter "casos" com outras mulheres por eu estar grávida, que nao se sinta 100% satisfeito... Isto talvez seja tudo da minha cabeça... mas a verdade é que começo a ter muitos ciúmes dele, já fiz até algumas cenas de ciúmes (por vezes os ciúmes sao mais fortes que eu), falta de confiança nele, uma insegurança muito grande, o que me leva a uma tristeza profunda. Com isto ando sempre deprimida, com vontade de chorar e não consigo ter um diálogo com ele a fim de lhe explicar o que sinto. Tenho medo que com as minhas atitudes a nossa relaçao morra. Além disso, o mais importante: que este meu comportamento afecte o meu bebé e a minha saúde, que me provoque uma depressão... Amo o meu marido... Não o quero perder!
E.
A gravidez é um período de grandes mudanças a vários níveis e nem todos os casais se sentem prontos para lidar com esse turbilhão de alterações. Em primeiro lugar, as alterações hormonais dão origem a uma maior sensibilidade/ fragilidade na própria mulher, que pode não ter nada a ver com um estado depressivo. Por outro lado, as alterações corporais, ainda que previsíveis, podem ser alvo de algum desconforto para o casal. Alguns homens sentem mesmo uma quebra em termos do desejo sexual, que nem sempre é compreendida. O facto de ambos quererem que tudo corra bem pode levar a que uma boa parte desse desconforto não seja alvo de análise ajustada. Assim, e apesar de manterem a intimidade sexual, é importante que procure conversar com o seu marido sobre a possibilidade de estarem a ser criados alguns tabus. Quanto maior for a capacidade de os membros do casal conversarem abertamente, sem críticas ou juízos de valor, maior será a satisfação conjugal.
Mas as mudanças comportamentais do seu marido podem não estar relacionadas com as alterações corporais. Daí que seja crucial criar um ambiente tão confortável quanto possível para que cada um possa exprimir o que sente, sem medo de ser criticado. Há "mil" razões que podem estar na origem do estado emocional do seu marido e só a assertividade (clareza e honestidade) permitirá que ambos se sintam seguros.
A chegada do primeiro filho é intensa, destabilizadora e desgastante, mas não pode ser apontada como a causa da morte de uma relação. Este é, também, um dos períodos mais belos da vida, pelo que ambos deverão esforçar-se no sentido de conseguirem comunicar eficazmente.