PERDOAR OS PAIS

Desde a minha infância sempre fui problemática em relação aos meus pais. Na idade adulta continuo a ter problemas em aceitá-los pois tive uma infância terrível. É como se não os perdoasse por me terem feito sofrer tanto. Fiquei grávida aos 17 anos e fui escorraçada por eles. Passei todos os tipos de humilhações possíveis e consegui ter o meu filho sem a ajuda deles. Hoje, já velhos e doentes, querem que os ajude. Mesmo sabendo que preciso perdoar e ajudar, eu não consigo perdoar tudo o que me fizeram. Ajudo mas a dor está sempre lá. Tenho pesadelos terríveis com o meu pai. Nesses pesadelos, eu abraço o meu pai e sinto que ao me abraçar encosta-se a mim com desejo. Acordo enojada e tenho medo de adormecer novamente e sonhar outra vez. Estou depressiva...
L.

Embora não conheça os marcos que estão na origem da sua mágoa, posso garantir-lhe que existem muitas pessoas a viver o mesmo tipo de ambivalência em relação aos pais: por um lado, há a vontade de perdoar, seguir em frente e criar a harmonia de uma família "normal"; por outro lado, há a mágoa e o ressentimento que, não tendo sido exteriorizados, a condicionam e a impedem de olhar para os seus pais sem rancor.

Como os seus pais estão agora numa idade avançada, sugiro que seja você a procurar ajuda especializada individualmente. Um psicólogo especializado em Terapia Familiar ajudá-la-á a enfrentar os seus "fantasmas", as suas dores e a gerir as suas emoções de modo a que se sinta em paz consigo mesma.

É provável que precise de desmistificar algumas crenças que foi desenvolvendo e que tenha de aprofundar alguns episódios que estão arrumados na sua memória. Esse processo é fundamental para que o seu pensamento e os seus sentimentos possam ser reestruturados. Peça ajuda.