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MEDO DE TER MEDO

Tenho muitas dúvidas do que realmente tenho. Por vezes penso que não é nada, mas a realidade é que os sintomas estão cá... Sou militar e após ter embarcado começaram a surgir-me certos sintomas, tais como o coração a palpitar com muita intensidade, suores frios, e o medo de morrer... Começei a ficar muito mal psicologicamente, ao ponto de a partir de qualquer sintoma só me sentir bem ligando para a linha da saúde 24 ou indo ao hospital com medo de morrer. Além desses sintomas, rangia os dentes, vomitava muito e sentia tonturas. Aconselharam-me a ir a neurologia, e o que é certo é que tenho-me sentido muito bem pois antes tínha perdido 10 kg, agora recuperei-os. As minhas dúvida são: será que estou no especialista certo? Será que isso do pânico, "o medo de ter medo", sofrer por antecipação, o medo de morrer, tem cura definitiva? O meu médico diz que sim, mas tenho sempre medo de ele mo dizer para eu não me desiludir, pois ando a tomar ansiolíticos e antidepressivos há um ano, ou seja, estive quase um ano a ter ataques de pânico e desde que começei a medicação nunca + voltaram. O que acontece, e eu sei que estou a fazer mal, é a minha frustração de não me sentir normal perante outras pessoas. Além disso, por vezes faço interrupções na medicação para beber copos e quando chega a ressaca é só vomitar e fico com medo de ter medo novamente. Queria uma opinião, se possível, porque realmente não sei se aguento viver com cumprimidos a vida toda. A minha personalidade e estados de humor variam muito, é caso para dizer "doutor preciso de ajuda"...
J.


Como tenho referido com alguma frequência, os sintomas que descreve e que apontam para crises de ansiedade são muito comuns - mais ainda em homens - de tal modo que, apesar da aflição e do medo de se estar prestes a ter um colapso cardíaco, qualquer médico que esteja a trabalhar num serviço de urgências é capaz de avaliar rapidamente se se trata de um problema com base psicológica (nervosa) ou não.


Os factores que podem estar na origem do aparecimento destas crises são diferentes de pessoa para pessoa, pelo que, de um modo geral, a intervenção farmacológica deve ser combinada com intervenção psicoterapêutica. Se encararmos os medicamentos como uma ferramenta importante para controlar os sintomas, é possível olhar para a Psicoterapia como uma alternativa razoável para implementar estratégias que permitam lidar com as emoções que estiveram na origem do problema.

Não creio que o seu médico lhe tenha dito que o problema é tratável apenas para o animar. Diria mais: é fundamental que confie no médico que o acompanha, sob pena de não investir correctamente no tratamento. Apesar de estar a tomar estes medicamentos há cerca de um ano, a verdade é que estará ainda a meio do processo e compete-lhe a si investir totalmente na sua recuperação. Quanto mais rigoroso for no que diz respeito ao plano terapêutico, mais sólidos serão os resultados. As interrupções que faz por sua iniciativa são negativas e podem comprometer a eficácia da terapêutica. Como nota final, gostaria de referir que o facto de ter estas dificuldades não faz de si uma pessoa menos "normal" do que as outras.