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INFIDELIDADE VIRTUAL

Tenho 34 anos e o meu marido 27. Namorámos 5 anos, vivemos 2 juntos e casámos há 5 meses! Achava que ele era o grande amor da minha vida, adoro-o, disso não tenho dúvida e ele a mim, também não tenho dúvida disso. Tivemos um namoro atribulado, o meu pai nunca aprovou e não me fala há 3 anos, sofri uma traição ao fim de três anos de namoro quando tinha a minha mãe a passar por um processo de tratamento de um cancro da mama, do qual tive algumas dúvidas que saísse com vida. Perdoei a traição porque entendi que ele era novo, não tinha vivido o que eu já tinha vivido, mas acima de tudo porque lutou muito por mim e por me mostrar que tinha sido uma vez sem exemplo, que de facto se revelou verdade. Um tempo após a traição conheci uma pessoa na Net que achei, na altura, que teria tudo a ver comigo. Inteligente, culto, alguém com quem poderia aprender coisas novas. Não referi mas tenho formação superior e o meu marido não - tenta há uma data de anos concluir o secundário mas sem êxito, por falta de tempo mas mais por falta de vontade. Na altura, afastei-me dessa pessoa por achar que era com o meu marido, hoje, que queria ficar! Afastámo-nos virtualmente, porque nunca nos vimos, mas de vez em quando trocávamos umas mensagens de circunstância. Ficámos amigos, falávamos pouco mas íamos falando. Há 3 meses retomámos o contacto frequente e tudo o que tinha sentido na altura voltou, mas de forma mais intensa! De atracção intelectual passou a física e assumida! Continuo sem nunca o ter visto pessoalmente mas sei tudo da vida dele e ele da minha! Tínhamos um encontro agendado para breve. Sentia-me mal com a situação mas não consegui evitar! As conversas eram quase sempre normais, de amigos, mas sabíamos que havia algo mais. Na única vez que a conversa "descambou" para um cariz mais sexual senti-me mal, muito mal e ele também! Sabíamos que não era certo! Afastámo-nos mais uma vez, há uma semana que não falamos!! Adoro o meu marido, amo-o, foi a única pessoa que amei verdeiramente na minha vida e nunca me tinha passado pela cabeça traí-lo, até então, mas a dúvida agora persiste na minha cabeça: será que adiei mais uma vez o que devia ter feito há anos atrás, quando me afastei de uma situação que na altura teria tido consequências menos nefastas na minha vida?
S.

Já tive oportunidade de escrever sobre o potencial da Internet enquanto veículo facilitador da partilha e da revelação íntima. Refugiados por detrás de um monitor de computador, sentimo-nos mais leves, mais soltos, menos inibidos. Mas a verdade é que a estas vantagens acresce a desvantagem de ser mais fácil correr determinados riscos e ultrapassar os nossos próprios limites. Por outras palavras, a inexistência de um contacto físico pode condicionar o nosso discernimento, a nossa capacidade de diferenciar o que está certo e o que está errado. Num ápice podemos ver-nos envolvidos numa espécie de infidelidade emocional, já que a partilha que é feita pode ultrapassar, em larga medida, os limites do razoável. A partir do momento em que aquilo que é conversado numa sala de conversação escandalizaria o nosso cônjuge, podemos dizer que a situação é grave. Na prática, como estas conversas dificilmente chegam aos olhos do companheiro, acabam por ser vistas como inócuas. Não passa de uma ilusão, que pode conduzir a uma ruptura irreversível.

Mais importante do que fazer juízos de valor sobre este tipo de comportamentos é assumir que esta atracção não é mais do que uma espécie de alarme. O facto de estar a investir (emocionalmente) nesta relação virtual indica que não estará a dar a devida atenção aos problemas da sua relação conjugal. Construir uma relação baseada na intimidade implica ser capaz de enfrentar as dificuldades, gerir conflitos e reconhecer as mudanças necessárias para que ambos se sintam bem. Isto significa que, ainda que com alguma dor, é fundamental olhar para dentro do seu casamento, identificar as reais dificuldades e os sentimentos que ainda os unem. Caso contrário, a distância emocional tenderá a crescer e a mágoa também.