PÁGINA INICIAL     |     AMOR     |     ANSIEDADE      |     CIÚME     |     DOENÇA E MORTE     |     FAMÍLIA     |     FOBIAS     |     INFIDELIDADE     
VIOLÊNCIA     |     DIVÓRCIO     |     EDUCAÇÃO DOS FILHOS     |     ÁLCOOL E DROGAS     |     COMPORTAMENTO ALIMENTAR     |     DEPRESSÃO

NUNCA NAMOREI

Tenho 20 anos e nunca na vida namorei ou tão pouco beijei alguém do sexo oposto. Desde muito nova que tinha imensos complexos comigo própria. Achava-me gorda, feia e ridícula. Estes complexos aliados à timidez sempre me impediram de conhecer homens. Aliás, apaixonei-me por um colega de turma, mas o facto de achar que ele tinha raparigas bem mais interessantes do que eu fazia-me atacar a comida e isolar-me. Hoje estou na faculdade e a minha vida deu uma reviravolta. Apesar de ter emagrecido, continuo a sentir-me mal comigo própria. Tenho tendência a isolar-me e invento mil desculpas para não estar com os meus amigos. Na verdade, para além de me sentir complexada sinto-me "quase que humilhada" pois os meus amigos falam de experiências anterios, de namoros que eu nunca tive. Várias vezes imagino que o melhor seria morrer a ter de viver permanentemente com a solidão! Já não sei como ultrapassar isto! Aos meus amigos digo que não quero saber de namorados e não acreditar no amor, mas no fundo sinto o contrário. Tudo isto está a deixar-me confusa. Gostaria de saber se deveria recorrer a alguém especializado.

M.

Na transição da adolescência para a idade adulta as preocupações com a imagem e com o amor são os principais focos de tensão. A necessidade de cumprir com os estereótipos é muito grande, pelo que qualquer diferença em relação ao grupo de amigos acaba por criar angústia e desespero. Para muitas pessoas é mais fácil gerir estas dificuldades centrando-se na comida ou em qualquer outra forma de satisfação imediata do que exteriorizar o seu problema. Assumir complexos? Nunca! Mas a verdade é que fecharmo-nos sobre nós próprios é o pior remédio, já que não só exacerbamos o problema, como impedimo-nos de ver alguma saída.

A grande vantagem de deitar cá para fora a forma como nos sentimos é perceber que existem muitas pessoas com dificuldades semelhantes e que é possível ultrapassar o problema.

Existem muitos rapazes e raparigas com mais de 20 anos que nunca viveram uma experiência amorosa e que, por isso, se sentem inferiores às outras pessoas. Mas é importante "descatastrofizar" esta situação e colocar mãos à obra. Antes de mais, importa colocar de lado o isolamento. Fechar-se em casa só aumentará o seu problema. Depois, é preciso interiorizar que, independentemente da atracção física e da paixão, aquilo que verdadeiramente sustenta uma relação amorosa é a amizade entre os cônjuges, pelo que deve investir nas suas competências enquanto amiga. Os amigos ajudam-nos a amadurecer e preparam-nos para os desafios de um namoro. Quem não for capaz de fazer (e manter) amigos, dificilmente conseguirá construir relações afectivas saudáveis e duradouras. Finalmente, em vez de se centrar nas humilhações e embaraços, procure olhar para as coisas positivas da sua vida e do seu dia-a-dia. Se for capaz de reconhecer a beleza da sua vida, os outros também o serão e, mais tarde ou mais cedo, o amor surgirá.