PÁGINA INICIAL     |     AMOR     |     ANSIEDADE      |     CIÚME     |     DOENÇA E MORTE     |     FAMÍLIA     |     FOBIAS     |     INFIDELIDADE     
VIOLÊNCIA     |     DIVÓRCIO     |     EDUCAÇÃO DOS FILHOS     |     ÁLCOOL E DROGAS     |     COMPORTAMENTO ALIMENTAR     |     DEPRESSÃO

O MEU MARIDO É ALCOÓLICO

O meu marido é alcoólico. Eu sou a terceira mulher - as duas relações anteriores foram frustradas tal como a minha está a ser, temos 1 filha com 7 anos, o meu marido tem dois filhos das outras relações, um rapaz com 30 anos e uma rapariga com 25. Esta afastou-se completamente do pai, de mim e da minha filha. Consta que o meu marido bebe há muitos anos, estamos juntos vai fazer 12 anos. No início iludi-me, pensei que fosse uma crise depressiva, a separação da ex-mulher estava a ser dolorosa, mas o problema continua. Sempre que bebe fica transfigurado, muito ofensivo e adora humilhar-me. Afastei-me de todos os meus amigos e família. Geralmente as pessoas criticam destrutivamente e não se interessam em ajudar. Nunca estou com ninguém, sou muito doente, os meus rins estão sempre a criar pedras, já estive muitas vezes internada com pielonefrites e 2 cirurgias renais, a minha menina está muito traumatizada, diz que tem medo do pai, pois fica sozinha com ele quando eu estou no hospital. Esta angústia e o desespero cada vez me consomem mais. Também estou desempregada. Ele nega tudo, diz sempre que não tem problemas, e é melhor que toda a gente. É a primeira vez que desabafo sobre este assunto, necessito de uma solução urgente, alguém que cuide da minha querida filha quando eu não estou presente. Onde e como posso persuadir o meu marido a ser convenientemente tratado? Estou a atingir todos os meus limites e, como mencionei anteriormente, não tenho ninguém que me apoie. O meu único refúgio é o meu quarto onde durmo com a minha menina e onde peço a Deus que me dê saúde.

M.

O alcoolismo é uma perturbação quase sempre camuflada. Por vergonha, medo ou simplesmente por se considerar que não vale a pena, muitas famílias sofrem caladas, às vezes no meio de grande desespero. A intervenção é sempre limitada e está naturalmente dependente da voluntariedade dos membros da família.

Antes de mais, o tratamento adequado depende do reconhecimento do problema - mas isso não quer dizer que a senhora e a sua filha estejam "condenadas" a uma vida de sofrimento. Numa situação ideal, a terapia familiar seria um dos vértices de uma intervenção que se deseja multidisciplinar. Realisticamente importa reconhecer que, mesmo que o seu marido não admita que é alcoólico, há alternativas ao seu dispor. Famílias Anónimas é um grupo de auto-ajuda que está distribuído pelo país e que está voltado para os familiares e amigos preocupados, que foram confrontados com o facto dos problemas de alguém muito chegado a si estarem a afectar seriamente as suas vidas, bem como as suas capacidades de funcionamento normal no dia-a-dia.

Cuidar de si e do bem-estar da sua filha não implica abandonar o seu marido à própria sorte, nem tão-pouco deixar de acreditar que é possível resgatar a harmonia familiar. Reconheço que, ao fim destes anos, haja muitas mágoas e até alguma raiva em função das agressões a que terá sido exposta. Não quero nem posso desresponsabilizar o seu marido em relação ao que aconteceu, mas também não seria prudente diabolizar o seu comportamento. É possível que o alcoolismo esteja de facto associado a um transtorno depressivo, mas não necessariamente a uma depressão reactiva consequente da última separação conjugal. Descontruir esta perturbação emocional implicará uma avaliação exaustiva da história de vida do seu marido e o investimento sério e contínuo num tratamento adequado.