PÁGINA INICIAL     |     AMOR     |     ANSIEDADE      |     CIÚME     |     DOENÇA E MORTE     |     FAMÍLIA     |     FOBIAS     |     INFIDELIDADE     
VIOLÊNCIA     |     DIVÓRCIO     |     EDUCAÇÃO DOS FILHOS     |     ÁLCOOL E DROGAS     |     COMPORTAMENTO ALIMENTAR     |     DEPRESSÃO

PROBLEMAS NO CASAMENTO

Casei em 2004 e tenho uma menina de 4 anos e meio e um menino de 16 meses. Já me dei conta há muito tempo que temos um problema entre nós. O meu marido pensa que não, pois acha que é normal. Não existe nenhum diálogo entre nós. Eu sei que o problema não é só meu. Mas já não me afecta tanto como antes. Tenho 2 filhos lindos e saudáveis e sou feliz por eles. O nosso relacionamento tem vindo a deteriorar-se ao longo destes anos. Ele simplesmente não fala comigo como fala com as outras pessoas e não existe qualquer tipo de carinho,companheirismo ou apoio da parte dele. Parece que sou transparente, pois só me dirige a palavra quando existe alguma coisa do trabalho para dizer (trabalhamos na mesma empresa em locais diferentes) ou sobre os filhos. Sempre que chego à conclusão que não vale a pena continuarmos assim e falo com ele, diz-me que, se eu acho que estamos mal, separamo-nos. De todas as vezes que optei por não me ir embora, parece que ''morro'' mais um bocadinho por dentro até á próxima vez em que me quero ir embora. Já não sei o que fazer, pois já estou cansada. Vou ficando cada vez mais triste e fria, uma pessoa que nunca quis ser. 

V.

O seu relato é comum a muitas mulheres. Vêem-se no meio de um ciclo vicioso em que impera a "não comunicação", o "não diálogo" ou simplesmente o vazio. Perante tentativas frustradas de resolver o problema (quase sempre esbarradas numa espécie de muro intransponível), a raiva e a insatisfação vão dando lugar à desistência e ao afastamento emocional. Como o marido parece sentir-se melhor quando se fecha sobre si próprio, deixar de "refilar" para evitar discussões parece a única via possível. Então o tempo passa, a insatisfação continua mas a energia não é a mesma.

Aquilo que poderá estar a acontecer é que, na prática, os dois membros do casal estão a esforçar-se por resolver o problema à sua maneira. Como as mulheres são, em geral, mais críticas e os homens reagem mais rapidamente à activação fisiológica provocada por uma discussão, instala-se rapidamente um padrão de comunicação perigoso em que a mulher procura resolver os problemas através de sucessivas (e frustradas) chamadas de atenção - que não são mais do que ataques pessoais, em muitos casos - e o marido procura atenuar os níveis de tensão fugindo às discussões (ora fechando-se sobre si mesmo, ora ameaçando a ruptura).

Para quebrar o ciclo importa olhar para a comunicação dos casais felizes. Por exemplo, há quanto tempo terão perdido o hábito de conversar calmamente sobre o dia de cada um? Não me refiro a fazer do cônjuge uma espécie de "saco de pancada", disposto a levar com as nossas neuras diárias. Refiro-me à capacidade de os membros do casal se ouvirem mutuamente e, assim, manterem-se actualizados acerca das preocupações e das ambições do outro. Refiro-me a ser capaz de dar colo ainda antes de criticar o que foi feito de errado.

O diálogo é essencial, como o é a expressão clara de admiração mútua. Quando deixamos de valorizar o nosso cônjuge e nos centramos apenas nas queixas, corremos o risco de o asfixiar com mal-estar.

Claro que é importante falar sobre o que não está bem. Fugir aos problemas não é solução. Mas a disponibilidade para ouvir queixas e resolver problemas depende da existência de uma base sólida composta pela capacidade dos membros do casal para se divertirem juntos, para irem ao encontro das necessidades mútuas e para criarem um projecto de vida a dois.