PÁGINA INICIAL     |     AMOR     |     ANSIEDADE      |     CIÚME     |     DOENÇA E MORTE     |     FAMÍLIA     |     FOBIAS     |     INFIDELIDADE     
VIOLÊNCIA     |     DIVÓRCIO     |     EDUCAÇÃO DOS FILHOS     |     ÁLCOOL E DROGAS     |     COMPORTAMENTO ALIMENTAR     |     DEPRESSÃO

INFIDELIDADE SEXUAL... CONSENTIDA?

Tenho uma relação de 16 anos. Já fui muito feliz com o meu companheiro mas agora vivo numa angústia constante. Tudo corria bem até que nasceu o nosso primeiro e único filho. O excesso de trabalho em casa, no emprego e com o bebé, juntamente com algumas más decisões que eu agora reconheço que tomei na altura, levaram o meu marido a um estado de saturação e cansaço extremo. Uma colega de trabalho atirou-se a ele e ele aceitou. Andou com ela quase um ano. As discussões sucediam-se porque, embora eu não soubesse, ele não ligava a nada do que eu lhe dizia e como nunca gostei da tipa pelas atitudes que tinha muito antes deles terem alguma coisa, estava sempre a discutir com ele porque lhe pedia para se afastar daquela má companhia e ele não o fazia! Quando descobri foi um choque brutal e ele disse-me que era com ela que queria ficar. Eu contei à nossa família e fui a casa dela para lhe bater! Não o fiz porque ela se fechou em casa e o marido dela, que já sabia de tudo, disse-me que ela não estava em casa... Ela, perante isto, disse ao meu marido que já não queria andar com ele, que amava o marido dela. No fim de o fazer acreditar que o amava loucamente... Ele ficou completamente de rastos e eu fiquei com ele e pensei que ele andava iludido com ela, que ela não era boa pessoa e que com o passar do tempo me iria dar valor a mim e não ia querer saber dela. O tempo foi passando... Ele estava tão obcecado por ela que eu cheguei a 'aceitar' a situação propondo ao marido dela que os 4 fizéssemos swing... Ele não quis de forma alguma! Digamos que 4 meses depois de eu descobrir o meu marido resolveu finalmente que não queria ter mais nada com ela. Resolveu isto no mês de férias em que estava longe dela. Mal voltaram ao trabalho ela, de forma subtil, atirou-se novamente e ele, embora lhe tivesse dado alguma conversa para ver até onde ela chegava, não cedeu. Nunca deixaram de se falar, porque trabalham no mesmo sítio, até que um dia depois de o meu marido lhe ter dito algumas coisas que ela não gostou de ouvir, como um "ainda bem" que não tinha ficado com ele porque era uma pessoa muito conflituosa, ela resolve fazer-me telefonemas anónimos para criar problemas entre nós. O meu marido esteve sem lhe falar 3 meses. A intenção dele era que eu esquecesse isto e houvesse paz entre nós. O problema é que eu noto que ele gosta dela e não a consegue esquecer. Diz-me muitas vezes que não a quer para mulher mas que no sexo ela é muito boa e que se eu deixasse voltava a andar com ela, embora agora não com a intenção de me enganar ou de me trocar por ela mas sim de se divertir. Diz-me também que se um dia eu arranjar outro ele não me vai deixar desde que não deixe de lhe dar atenção. A verdade é que ele não anda com ela porque não quer. Porque isto que ele me diz mais a atitude dela querer andar com ele tem-me perturbado tanto que no outro dia, quando eles ainda não se falavam, sugeri-lhe que ele fosse para a cama com ela. Reconheço que só estou a pôr lenha na fogueira mas angustia-me ele não a esquecer e ela, que quando se sentiu apertada fugiu deixando-o muito mal psicologicamente e agora quer andar com ele outra vez às escondidas do marido! Devido a isto, o meu marido atirou-se a ela e ela foi ter com ele, beijaram-se e só não aconteceu mais nada porque não tinham sítio. Mete-me impressão a atitude dela que podia ter ficado com ele e não ficou. Então porquê agora isto??? Mete-me impressão a atitude dele que ainda a quer... Ele sempre me disse que só voltaria a ter alguma coisa com ela se eu aceitasse e isso não prejudicasse o nosso casamento senão aguentava bem em não ter nada com ela, que já há muito tempo que sabe que é só ele querer e que não faz nada porque não me quer perder nem magoar. A única coisa que ele me pede é que eu deixe de falar nisto e o faça feliz... Eu não consigo deixar de pensar que ele a deseja e ela a ele! E que todos os dias se vêem no trabalho! O que faço??? Estou a ficar louca, deprimida... Não o consigo deixar mas a minha vida tem sido uma tortura e a dele por causa de mim também, porque passo a vida a discutir com ele. Não concordo nem aceito algumas das coisas que ele me diz mas por outro lado penso que ele deve gostar muito de mim para aguentar um ano de discussões quase constantes... Quem está mais certo, ele ou eu?
C.

A confrontação com uma relação extraconjugal é quase sempre um choque. A pessoa que foi traída sente-se habitualmente perdida, desesperada e até humilhada. É preciso algum tempo até que "a poeira assente" e cada um possa discernir sobre os seus sentimentos e, a partir daí, os membros do casal possam tomar algumas decisões. Mesmo que inicialmente haja algumas explosões de raiva, que ora se traduzem na tentativa de maltratar o cônjuge ou a terceira pessoa, ora se traduzem no pedido de divórcio, muitos casais acabam por dar uma nova oportunidade à sua relação, reconhecendo sempre que nada ficará como antes. O restabelecimento da confiança é um processo quase sempre moroso, que envolve avanços e retrocessos, mesmo quando ambos assumem o seu amor e a vontade de reconstruir a relação. É quase sempre imperativo que deixe de existir contacto entre o cônjuge que traiu e a terceira pessoa e, quando isso não é possível, por exemplo em função de compromissos profissionais, devem existir acordos muito claros em relação ao que é ou não saudável à relação que se quer reconstruir. Posto isto, creio que a leitora não estará a colocar as perguntas correctas. O que está em causa não é "Quem é que está mais certo", mas sim, "O que a mantém nesta relação?". Questiono-me verdadeiramente sobre a sua capacidade para reconhecer aquilo de que precisa e, sobretudo, aquilo que merece. O facto de estar há tanto tempo numa relação com alguém que, claramente, não está a ser capaz de a amparar e de lhe dar a atenção e os afectos de que precisa terá com certeza toldado a sua percepção sobre o seu casamento. Alguns dos comportamentos que descreveu, como o facto de ter sugerido a prática de Swing ou até a manutenção de uma relação estritamente sexual entre o seu marido e a terceira pessoa, evidenciam a sua tentativa desesperada para manter o seu companheiro ao seu lado, mas o preço destes gestos parece-me demasiado elevado. Os riscos que tem corrido prendem-se sobretudo com a sua auto-estima e com a sua felicidade. Se a leitora não for capaz de valorizar as suas necessidades afectivas, quem o fará? É crucial que imponha o respeito a que tem direito e que não se humilhe pelo seu companheiro nem por ninguém. A manutenção de uma relação só faz sentido se ambos estiverem dispostos a assumir que se amam e a lutar por esse amor.