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A DEPRESSÃO E O AMOR

Foi-me diagnosticada uma depressão, que ando a tratar e a medicar, embora já tenha marcado nova consulta com o psiquiatra porque acho que não estou a melhorar. Estava numa fase muito desmotivante a nível de trabalho, comprei casa há uns meses com o namorado de há muitos anos e estamos a pensar casar para o ano. A questão que me preocupa é que de repente, passei a olhar para o meu namorado e a pensar se ainda gosto dele. Parece que sinto indiferença por ele, e estando a pensar em casar, isso tem-me obcecado os pensamentos e anda a preocupar-me verdadeiramente. É que o que menos quero é sentir isto, quero voltar a estar bem com ele. É natural numa depressão ter estes sentimentos por quem se gosta? Eu despedi-me do meu trabalho porque não estava bem mas não quero de forma nenhuma abdicar do meu namorado. Acho que estou a ficar louca, por pensar isso, quando ele sempre foi tão querido comigo. Estes pensamentos são normais?
M.

Desconheço os factores que estarão por detrás da sua depressão. Compreendo que o desgaste profissional a que se refere pode ter desencadeado uma depressão reactiva, mas não posso ter a certeza de que não existiram outras circunstâncias por detrás do seu adoecimento. De qualquer modo, quero assegurá-la de que a depressão pode efectivamente condicionar a forma como olhamos para as nossas relações afectivas, pelo que não raras vezes me deparo em contexto clínico com a angústia que agora partilha. Pode ser difícil discernir sobre o que é a causa e o que é a consequência, isto é, reconhecendo que um dos sinais da depressão é precisamente o desinteresse generalizado, é legítimo que se questione se estará a sentir-se deprimida e confusa porque já não gosta do seu namorado ou se esta incapacidade de se sentir segura em relação aos seus sentimentos é mais uma consequência da perturbação emocional que foi diagnosticada. Fez muito bem em recorrer à ajuda médica e, apesar de eu não saber há quanto tempo está a fazer esta medicação, compete-me chamar a sua atenção para a importância de estabelecer uma relação de confiança com o médico que a está a acompanhar. Não raras vezes é preciso esperar várias semanas até que as primeiras mudanças comecem a ser sentidas, mas é fundamental que se sinta confortável para expor as suas dúvidas ao seu médico e que a toma dos medicamentos seja rigorosamente monitorizada. Este acompanhamento regrado permitirá, por exemplo, fazer os ajustes necessários a uma recuperação sólida e relativamente célere.

Do meu ponto de vista seria importante complementar o tratamento médico com a intervenção psicoterapêutica. Um psicólogo experiente ajudá-la-á a estruturar as suas emoções e a gerir as suas relações afectivas com maior segurança. Como estimo que as suas inseguranças possam estender-se ao seu namorado, pode ser importante envolvê-lo no processo terapêutico. Deste modo, poderão unir-se no sentido de enfrentarem este período mais confuso do percurso a dois.