PÁGINA INICIAL     |     AMOR     |     ANSIEDADE      |     CIÚME     |     DOENÇA E MORTE     |     FAMÍLIA     |     FOBIAS     |     INFIDELIDADE     
VIOLÊNCIA     |     DIVÓRCIO     |     EDUCAÇÃO DOS FILHOS     |     ÁLCOOL E DROGAS     |     COMPORTAMENTO ALIMENTAR     |     DEPRESSÃO

AGORAFOBIA

Sofro de Agorafobia há cerca de 20 anos, nos primeiros 10 fechei-me completamente, deixei de trabalhar, de ter amigos, enfim, deixei de viver. Com muita ajuda medicamentosa e psicológica consegui retomar a minha vida, No entanto, assim que estou mais fragilizada recomeço a querer faltar ao trabalho e aos passatempos de que tanto gosto. Embora agora não sofra habitualmente de ataques de pânico, aprendi a fechar-me ao primeiro sinal de desconforto. Como poderei aprender a responder de outra forma ao desconforto?
D.

Felizmente, nem todas as pessoas que sofrem de agorafobia vêem a sua vida tão limitada como já aconteceu no seu passado. Mas permita-me dizer-lhe que o seu caso é provavelmente importante para que, quem está de fora, possa compreender melhor os potenciais constrangimentos de um transtorno ansioso como este. Louvo o facto de ter conseguido reconhecer o seu problema e de ter procurado ajuda especializada. Não sei se continua ou não a ser acompanhada, quer em termos médicos, quer em termos psicoterapêuticos, mas creio que a resposta à sua questão está no seu próprio percurso. Afinal, se no passado já esteve "no fundo do poço", a verdade é que fez esforços no sentido de ser capaz de voltar a tomar as rédeas da sua vida. Os técnicos que a acompanharam tê-la-ão com certeza amparado, mas o mérito é seu, a vitória é sua e, se voltar a sentir-se desconfortável, é disso que deve lembrar-se. Já foi capaz de dar a volta a uma situação complicada e será com certeza capaz de voltar a fazê-lo, desde que se muna dos recursos de que dispõe.

Bem sei que é difícil abandonarmos padrões comportamentais que estão profundamente enraizados. Se nos habituamos a fechar-nos sobre nós mesmos quando nos sentimos mais frágeis, desenvolvemos um mecanismo de defesa que, apesar de há muito ter deixado de ser saudável, continua a dar-nos a sensação ilusória de conforto. Sair da concha implica correr riscos, implica telefonar a amigos e familiares que podem não mostrar a disponibilidade ou a empatia de que precisamos, mas implica sobretudo continuarmos a investir em nós mesmos; implica continuarmos a lutar pela nossa felicidade. Espero que o faça, que estenda a mão e peça ajuda, tantas vezes quanto for preciso. E espero que "passe a mensagem" e, com o seu exemplo, possa contribuir para o fortalecimento de outras pessoas.