Sou uma jovem de 32 anos que namora há 2 com um rapaz de 29. Já tive uma relação muito saudável anteriormente, teve a duração de 10 anos, 6 dos quais em união de facto. Há cerca de 2 meses juntei-me com o meu actual namorado mas não está a ser nada fácil. Estou mesmo a pensar se tento mais um pouco ou se me vou embora, embora saiba que vou sofrer bastante, pois amo-o loucamente. No primeiro ano de namoro, como é normal, ele mostrou-se uma pessoa muito apaixonada, que me adorava como mulher, aliás, ele dizia muitas vezes "és uma verdadeira MULHER!". Surpreendeu-me muitas vezes com actos e palavras. No segundo ano começou a dar sinais de habituação. Eu chamei-o à atenção porque já o estava a sentir diferente, mais ausente, distante, acomodado ao facto de até ser uma boa namorada/mulher (independente, boas maneiras, honesta, bonitinha e condescendente). A resposta ao meu aviso foi que me amava como desde o início e que eram loucuras da minha cabeça. Como quando amamos de verdade queremos estar com a pessoa, pensei muito bem e achei que talvez fosse eu que estivesse a ser muito exigente. O que é facto é que optámos por viver juntos mas o meu coraçãozinho todos os dias sofre porque a meu ver a relação tem vindo a piorar. Sinto que me tenho oprimido, já nem consigo ser a pessoa forte, determinada que era, sexualmente acho que era muito aberta e louca, queria coisas novas e ele dizia sempre "mas nós não precisamos disso". Voltei a falar com ele e disse-lhe que a nossa relação estava a tomar um rumo errado e que eu necessitava de mais atenção porque eu nunca estou incluída nas prioridades dele. Para dar um exemplo, o tempo dele está distribuído da seguinte forma: durante 5 dias e meio da semana trabalha (é empresário), duas noites por semana janta com amigos, 2 noites pratica desporto até tarde (23h), no fim-de-semana uma das tardes é para outro desporto e uma manhã também para desporto. Aliado a tudo isto, o pouco tempo que me encontra é na cama e volta-me o rabiosque. É normal que se sinta cansado mas eu desejo-o muito e fico verdadeiramente triste e infeliz todas as vezes que o procuro sexualmente ou que desejo ser procurada, desejada e nada acontece. Sinto-me sem saber o que fazer mas quero realmente pôr um termo a isto porque me estou a tornar numa pessoa que não sou (depressiva, muito insegura e oprimida). Preciso de algumas palavras que me dêem força para me decidir.
M.
Embora me pareça absolutamente natural que uma relação sofra algumas mudanças ao fim de dois anos, não posso deixar de notar que as alterações a que se refere estarão a contribuir para que se sinta desamparada e insegura. É natural que à medida que o tempo passa nos sintamos mais seguros na nossa relação e isso pode até implicar alguns períodos mais mornos, de uma certa acomodação. Não quer dizer que os sentimentos tenham desaparecido, mas a verdade é que ninguém gosta de ser tomado como garantido. Muito mais do que apontar o dedo para acusar o seu namorado (isso só dificultará a comunicação), parece-me importante que se detenha sobre a forma como se sente. É certo que ama o seu namorado, mas não deve deixar de partilhar com ele as suas necessidades e a sua insatisfação. Independentemente das actividades lúdicas ou desportivas de cada um, é lógico que precisarão de sentir-se mimados para que continuem a sentir-se seguros. É possível que o seu namorado não esteja a perceber que não está a prestar muita atenção às suas necessidades, pelo que lhe compete reivindicar essa atenção. Lembre-o de como se sentia especial e importante no início do namoro e mostre a sua vontade de continuar a sentir que é uma prioridade na vida dele. Claro que é justo que se mostre disponível para ir também ao encontro das necessidades do seu namorado, que podem ser diferentes das suas.
Alguns homens temem que a vida a dois implique algum aprisionamento, pelo que procuram segurar-se a cada actividade com medo de deixarem de ser livres. Explique-lhe que sente a sua falta, que sente falta dos seus mimos e que, mesmo que aos olhos dele nada tenha mudado, a sua satisfação também depende da capacidade dele para a ouvir e para a confortar. Às vezes são precisas apenas pequenas mudanças para que ambos se sintam mais seguros e optimistas, mas isso depende do diálogo sincero. Não vale a pena desistir antecipadamente de uma relação dominada pelo amor.