A minha questão é se os filhos de pais alcoólicos tambem podem vir a desenvolver o mesmo vício e as mesmas caracteristicas violentas. O meu pai era alcoólico e batia muito na minha mãe - era um ambiente horrível naquela casa. Vivo com o meu namorado há 9 anos, ele tambem é filho de pai alcoólico e o meu medo é que ele venha a seguir os passos maus do pai, como do álcool e da violência, porque às vezes reage da mesma forma que o pai dele.
F.
O alcoolismo é uma perturbação que não afecta apenas o doente, mas cujas consequências, físicas e emocionais, se estendem SEMPRE à família - daí que a intervenção clínica seja, idealmente, multidisciplinar com a necessidade de incluir terapia familiar e/ou terapia individual para os familiares. Tal como a leitora carrega ainda hoje as marcas, as vulnerabilidades, que resultaram do facto de ter crescido numa ambiente familiar pautado pela violência e pelo medo, é altamente provável que o seu namorado tenha as suas próprias feridas emocionais resultantes do desenvolvimento associado a um pai alcoólico. Isto não significa que o seu namorado venha a reproduzir os padrões comportamentais do próprio pai, nem que venha a tornar-se num alcoólico. Contudo, é importante que ambos reconheçam que aquilo por que passaram na infância e na adolescência deixou marcas e que, só se falarem abertamente sobre aquilo que sentem, poderão sentir-se livres para reivindicar aquilo de que precisam. Em muitos casos, os adultos filhos de alcoólicos desenvolvem transtornos depressivos e ansiosos que podem manifestar-se por irritabilidade constante e explosões de agressividade que em nada beneficiam a comunicação conjugal. Conter os seus medos é, provavelmente, o pior caminho. Importa que mostre as suas emoções, aquilo que a fragiliza, identificando de forma clara aquilo de que não gosta no comportamento do seu namorado, mas procure evitar as críticas pessoais e a comparação com o comportamento do seu sogro, já que estes ataques pessoais poderão ferir o seu namorado, mais do que ajudá-lo a compreender a sua preocupação. Considere ainda a possibilidade de recorrerem à terapia familiar no sentido de poderem falar sobre estas questões sensíveis num ambiente emocionalmente seguro.