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COMPULSÃO ALIMENTAR

Tenho 17 anos e estou com problemas de peso. Comecei a engordar porque sofro de compulsão alimentar, uma necessidade de comer o tempo todo, mesmo que eu não esteja com fome. Além disso, costumo descontar as minhas emoções na comida, porque quando estou triste, como para me "consolar", e quando estou feliz, como para "comemorar", por exemplo. Procurei um endocrinologista, e ele fez-me um cardápio de baixas calorias, e recomendou-me um ansiolítico, porque segundo ele, essa compulsão era resultado de crises de ansiedade. E eu realmente sou muito ansiosa, sou o tipo de pessoa que deixa de viver o momento para preocupar-se com o futuro. Em vésperas de testes, chego ficar mal de tão nervosa, e nessas alturas também se agravam os meus transtornos compulsivos: balanço as pernas o tempo todo sem me aperceber, e mordo a parte interna da boca. Bom, o facto é que o ansiolítico não funcionou em mim, por ser muito fraco. Já quanto à dieta, nunca consegui levar a sério, porque arranjo desculpas para sabotá-la, como: "ah, hoje vou comer porque é feriado/porque estou triste/ porque já comi umas porcarias...", etc. Conversei com alguns amigos, e eles disseram-me que essas sabotagens podem ter um fundo psicológico, por exemplo: pode ser que o meu inconsciente, por alguma razão, não queira o meu emagrecimento. Pensei sobre isso, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão. Não sei se uso essa situação para chamar a atenção, por carência, ou mesmo porque me quero afastar de relacionamentos afectivos, mas acredito que não. A verdade é que esse problema está a afectar-me intensamente, porque me recuso a sair de casa além do necessário, já que não quero que as pessoas me vejam gorda, e penso nisso o tempo todo, como se não tivesse outros assuntos para tratar. Quando estou a comer sinto-me bem, mas logo de seguida bate-me uma culpa terrível, e eu fico péssima o resto do dia. Todos os dias, quando me levanto, recomeço a minha dieta, mas quando chega a tarde, lá pelas quatro ou cinco horas, sinto uma necessidade incontrolável e irracional de comer, e nunca consigo resistir ao impulso, arrependendo-me depois. Acrescento que sempre tive problemas de auto-estima, e nunca consegui relacionar-me com nenhum rapaz por não me sentir bem comigo. Mesmo quando era magra, arranjava milhões de defeitos, e afastava as pessoas de mim. Por favor, preciso de ajuda para identificar o motivo que me faz sabotar as minhas dietas, porque preciso ter uma vida normal.
M.


Antes de mais, gostaria de referir que o seu problema é comum a muitas adolescentes e mulheres adultas. Emagrecer nunca é fácil. Requer esforço, força de vontade, motivação e... acompanhamento. Do ponto de vista físico é imprescindível que a perda de peso seja acompanhada pelo seu médico de família e/ou por um endocrinologista. Não basta que alguém defina uma dieta - é preciso que tenha consultas regularmente, para que sejam feitos os ajustes necessários. Lembre-se que, no caso das mulheres, este processo é sempre gradual: não deverá esperar mudanças radicais em pouco tempo.

Do ponto de vista psicológico este processo também não é fácil, como já sabe. Como este distúrbio do comportamento está associado a dificuldades emocionais - nomeadamente fraca auto-estima, insegurança, etc. -, é importante que, também deste ponto de vista, seja devidamente acompanhada.

O profissional que a acompanhar procurará conhecer o seu percurso, as suas emoções e as suas principais dificuldades. O plano terapêutico deve ser ajustado à sua situação específica. Ainda que a comida e as dietas tenham um peso importante na sua vida, a psicoterapia deverá ser mais abrangente, permitindo-lhe olhar para si mesma de outros prismas: terá, assim, oportunidade de analisar a sua vida e identificar recursos e vulnerabilidades. Este processo ajudá-la-á a lidar com o seu problema de forma mais racional e a desenvolver relações emocionalmente mais saudáveis.

É fundamental que não se isole. Lembre-se de que, embora seja um grande desafio, é possível ultrapassá-lo.