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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Vivo no Brasil, estou casada há 23 anos, já fui agredida fisicamente várias vezes, mas, como não deixa marcas, o meu marido acha que isso não é agressão. Há uns dois anos que não me agride fisicamente mas emocionalmente sempre fui violentada - humilhações, gritos e muitas outras coisas. Estou a tomar um ansiolítico e um antidepressivo, tenho fribromialgia e outras doenças de base emocional, como psoríase e outras. Acredito que estou com stress pós-traumático, o meu psiquiatra também acredita. Muitas pessoas não acreditam muito pois o meu marido é muito querido por todos, mas quando chega a casa, muitas vezes muda totalmente. Se tem algum problema, descarrega em mim, diz que uma mulher sábia sabe como tratar o marido nessas horas! Somos religiosos e ele coloca sempre Deus no meio dizendo que Ele é testemunha que ele (o meu marido) não fez nada. Sinto-me incapaz de dar aulas, sou prof. de Inglês e não estou a conseguir dar aulas em escolas onde os alunos não querem aprender, não tenho oportunidade de dar aulas em cursos de Inglês na minha cidade. Estou desempregada e quando o enfrento, dizendo que ele não pode descarregar os problemas em mim, ele atira-me à cara que eu não tenho emprego, não ajudo em nada, então não posso dizer nada! Não tenho para onde ir, os meus remédios são caros, dependo dele, não tenho ninguém que me possa ajudar. Tenho lutado para continuar casada, ele é responsável com a casa, fiel, comprometido com a Igreja e com a família, ajuda em casa, mas sinto-me como se eu não fosse nada por causa das constantes humilhações. Tenho nojo de fazer sexo com ele e isso é o que mas me dói. Não posso negar, senão ele fica ainda mais nervoso. Ele não me força mas sei que ele piora se não tem sexo. Não sei o que fazer, sinto muita vontade de acabar com a minha vida, mas é o amor a Deus e as minhas filhas que me seguram. Já tomei veneno, mas Deus é tão bom que não tive nada.
R.

A violência doméstica - seja ela física ou emocional - é, infelizmente, muito frequente. Mas isso não significa que devamos resignar-nos. Pelo contrário! Trata-se de um crime cujas repercussões são devastadoras. Bem sei que se sente fragilizada, dependente e, muito provavelmente, com pouca energia para implementar mudanças. Mas é importante que interiorize esta ideia: ninguém merece viver assim. Existem alternativas, ainda que, ao fim deste tempo, o futuro possa parecer negro. Não está sozinha nesta luta - existem muitas mulheres por esse mundo fora que foram vítimas de violência e que conseguiram ultrapassar o drama. Nalguns casos, a mudança implicou a ruptura conjugal, noutros foi possível trabalhar as competências do casal e restaurar o casamento.

Independentemente do que venha a acontecer no seu relacionamento, é fundamental recuperar o controlo da sua vida. O processo pode até ser lento e incluir avanços e recuos, mas é possível mudar.

O facto de estar a ser acompanhada por um médico psiquiatra é um bom começo, mas pode ser insuficiente se esta ajuda se limitar à prescrição de medicamentos. Fale com o seu médico no sentido de poder ser encaminhada para um psicólogo. Para já, a Psicoterapia individual é importante no sentido de poder trabalhar a sua auto-confiança e os seus medos. Um terapeuta experiente ajudá-la-á a identificar as suas inseguranças e, claro, a ultrapassá-las. Numa fase posterior poderá recorrer à terapia de casal, se for esse o seu desejo e se o seu marido estiver de acordo.

Em Portugal existe uma associação de apoio à vítima, capaz de dar resposta a este tipo de casos. Procure saber se na região onde mora existe alguma instituição que a possa apoiar. Não se isole, procure ajuda.