MEDO NA ADOLESCÊNCIA

Tenho 16 anos, sinto-me diferente das outras pessoas da minha idade, não saio muito de casa, não tenho muitos amigos... Fico deprimida por estar sozinha, choro, sinto dificuldade em respirar, sinto-me sufocada pela própria vida. Tenho medo de viver mas quero muito deixar de ser assim. Tenho medo de fazer as coisas, penso em todas as probabilidades mais absurdas de as coisas acabarem mal. Quando quero tentar algo novo o medo bloqueia-me. Tenho medo do futuro. Sinto-me mal da maneira que estou mas não consigo mudar. Quero viver livremente como as outras pessoas. O pior é que ninguém me compreende nem se preocupa em compreender, os meus pais acham que sou apenas anti-social e antipática, os meus amigos dizem que sou paranóica... Na verdade tudo o que quero é ajuda mas tenho medo de a pedir. Quando estou sozinha (o que acontece muitas vezes, principalmente nas férias) tenho "ataques" de "loucura", tenho medo, quero gritar, quero fugir, choro muito... Não conto a ninguém porque não tenho coragem. Será que me pode ajudar? O que eu tenho? Preciso de ir ao médico? O que digo aos meus pais?

C.

O medo associado às crenças irracionais que o nosso cérebro alimenta de modo automático pode tornar-se altamente incapacitante. Se não houver um pedido de ajuda, é relativamente fácil surgir a sensação de que o problema é inultrapassável. Passamos, então, a ser consumidos pelo medo, em vez de o desconstruir.

É importante que fale com os seus pais sobre a angústia por que tem passado. Dê-lhes a conhecer o que tem sentido, bem como a incapacidade para dar resposta a estas dificuldades sozinha. Mais do que encontrar um nome para o problema, é importante dar resposta ao desconforto que ele acarreta. Para já, os constrangimentos são imensos, pelo que alguma coisa deve ser feita.

Sugiro que proponha aos seus pais que a acompanhem a uma consulta com um psicólogo experiente, já que este poderá ajudá-la a ultrapassar as dificuldades que descreveu e ainda poderá promover a comunicação familiar, facilitando a compreensão do problema.