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DISCUSSÕES DIÁRIAS

Vivo com o meu companheiro há 4 anos, no entanto, os problemas nunca se dissiparam, discussões, reclamações, acusações, um pouco sobre todas as áreas, sobre a lida da casa, sobre o meu físico, a minha maneira de ser... são constantes. O que inicialmente pensava ser uma adaptação passou a ser comum, sendo quase anormal passar uma semana sem alguma discussão. Tenho tentado tudo para alterar as razões das queixas mas a verdade é que, por muito que tente fazer tudo bem, há sempre algo a apontar. Não sei como sair desta situação. Sou constantemente criticada por estar mais gordinha, por me levantar tarde, por ser burra, por ser calona... Não aguento mais isto. Tenho quase 30 anos, trabalho, tenho uma família carinhosa, e na intimidade da minha casa sou uma burra e gorda que repete os erros vezes sem conta, que não pode usufruir do que ganha sem consentimento do cônjuge. Já procurei ajuda, pois sentia-me lamentável, no entanto, a sensação mantém-se e a situação também. Como posso superar isto?
V.


O início da vida a dois implica quase sempre a adaptação aos hábitos do cônjuge e esse processo envolve conflitos, cedências e muita aprendizagem. Contudo, e tanto quanto me é dado a perceber, em 4 anos não terá havido grande aprendizagem. Pelo contrário, os adjectivos que refere estão muito mais próximos de insultos e ataques pessoais do que de críticas construtivas.

É provável que não tenham conseguido expor claramente as necessidades de cada um, nem tão-pouco trabalhar no sentido de as preencher. A passagem do tempo tem funcionado mais para avolumar insatisfação e aumentar o distanciamento entre si e o seu companheiro. Se gostam um do outro e querem que esta relação dê certo está na altura de interromperem este ciclo vicioso e pararem para conversar abertamente sobre as dificuldades. Importa que sejam capazes de aceitar que o outro tem defeitos e que assumam que vão ter de viver com eles. Mas isso não quer dizer que não possam implementar mudanças - podem, desde que estas sejam claramente definidas e desde que sejam realistas. Aceitar o nosso cônjuge implica reconhecer as suas limitações, até para que possamos exigir que ele(a) também aceite as nossas. Os ataques pessoais (chamar gorda ou burra, por exemplo) podem parecer inofensivos, mas na realidade constituem uma forma de colocar em risco a relação. A "prova" é que as discussões já tomaram conta do seu quotidiano. Para fomentar a manifestação de afecto e a valorização mútua parece-me aconselhável que recorram à ajuda da terapia conjugal.