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O MEU FILHO É VÍTIMA DE BULLYING

Tenho um filho com 7 anos que anda na 2.ª classe. durante o primeiro ano de escola tive diversos problemas com ele, porque não havia dia que não chegasse a casa nervoso. Em determinado dia tocam-me à campainha, era a educadora dos tempos livres com o meu filho ao colo, pois ele não conseguia andar, não se mexia da cintura para baixo, não tinha feito cócó nem xixi durante o dia todo... Chamei o 112 e assim passou dia e meio no hospital, sempre a ser seguido por diversas equipas médicas, em que estavam incluídos pediatras, cirugiões e psicólogos. Já ao fim do segundo dia chega-me perto uma dessas equipas para informar que o problema do meu filho eram apenas nervos a bloquear a barriga. Ele fez um tratamento e ficou pronto a regressar à escola. Informei a professora do sucedido, e ela disse-me que no seu último dia de aulas o meu filho tinha levado uma tareia e que lhe tinham atado um fio à volta da barriga que quase o deixou sem respirar. Daí em diante sempre foi aparecendo em casa com várias marcas no rosto e costas, sinais de tareias. Ele mudou o comportamento todo, fazia cócó na banheira, xixi na cama, cortava a roupa e por aí em diante. Finalmente vieram as férias e ele ficou a tempo inteiro comigo - o meu filho parecia OUTRO, feliz e calmo, MUITO CALMO. No começo deste ano mudou de professor. Eu não quis expor a situação passada com medo de voltar a levantar fervura na situação, uma vez que a mesma criança voltava a ser colega dele. Desde que começaram as aulas não há dia em que o meu filho não apareça em casa diferente. Um dia destes apareceu-me com a marca de 1 pé na cara e a orelha bastante vermelha, perguntei-lhe o que aconteceu e ele não me contou absolutamente nada, mas por todas as razões e mais algumas sempre fui alertando o professor para o comportamento do meu filho, mas desta vez resolvi fazer queixa no agrupamento. Informaram-me que o meu filho também agredia os colegas, e que os pais dos mesmos não faziam queixas e eu procurei investigar. Há cerca de 15 dias sempre que os colegas dele, que andam no 4.º ano, me vêem, dizem-me que alguns miúdos da sala dele estão sempre a dar-lhe pontapés, as meninas da sala dele disseram-me também que ele apanha muitos pontapés nas costa e cara, que lhe atiram muitas pedras, que lhe chamam nomes, e que lhe roubam os sapatos. Enfim, não sei o que fazer, pedi transferência para outra escola mas dizem não ter vagas, culpam-me por ter faltado a 1 ou 2 reuniões de pais quando voltei a ser mãe e quando a minha filha foi internada com 50 dias com uma infeção respiratória e depois uma anemia... Tentam convencer-me que sou má mãe e que eu é que sou a culpada. Não sei o que fazer, não sou do tipo de mãe de andar na rua ameaçar outras crianças. Actualmente o meu filho não consegue copiar uma palavra que esteja escrita mesmo à sua frente, corta os cadernos todos, aparece com a roupa por vezes rasgada. Eu pergunto-lhe o que aconteceu e ele diz-me que fica muito nervoso e corta os cadernos. Onde poderei eu estar a errar, como poderei ajudá-lo, o que hei-de fazer?

A.

Não vejo quaisquer motivos razoáveis para que possa questionar o seu papel de mãe - não será por culpa sua que o seu filho atravessa estas dificuldades. Infelizmente o bullying escolar é uma realidade que afecta muitas crianças e jovens. Trata-se de um fenómeno complexo e que requer a intervenção de todos os adultos envolvidos - pais, professores, psicólogos, auxiliares de educação. Ignorar ou minimizar o problema só contribuirá para a sua agudização, impedindo que a criança se desenvolva de modo saudável.

Antes de mais, é importante que procure ouvir o seu filho e assegurar-lhe que o problema pode e deve ser resolvido. Crie um ambiente tão acolhedor quanto possível e procure manter-se calma enquanto ouve as queixas do seu filho. Lembre-se de que é possível que alguns dados sejam omitidos, pelo que é importante evitar acusações precipitadas. O mais importante é reconhecer que existe um problema e que a solução depende da boa vontade de todos.

Procure identificar juntamente com o seu filho estratégias para lidar com as manifestações do problema (brigas, ameaças, etc) - por exemplo, denunciar a situação a um adulto responsável, falar com colegas, etc. Incentive a criança a pedir ajuda e explique-lhe que o isolamento é prejudicial.

Partilhe a sua própria experiência - é provável que encontre no seu "baú de memórias" alguma história de aflição que tenha gerido com sucesso. Esta partilha é pedagógica e terapêutica pois permitirá que o seu filho não se sinta sozinho.

Mas, como referi antes, a intervenção não deve cingir-se ao seu filho. Procure expor o problema à professora do seu filho, evitando críticas pessoais. Lembre-se de que o mais importante é manifestar a sua preocupação pelo bem-estar do seu filho, e não fazer acusações à população escolar. Centre-se nas necessidades e emoções do seu filho e peça a ajuda da professora no sentido de potenciar a segurança das crianças. Explique-lhe que a colaboração de todos é importante e mostre-se disponível para ouvir as outras partes envolvidas. Não hesite em reconhecer que é possível que o seu filho também possa ter agredido outras crianças, mas evite culpabilizar-se.

Se houver um psicólogo na escola do seu filho, procure expor-lhe a situação e reivindicar algum tipo de acompanhamento à criança. Senão, procure a ajuda de um psicólogo externo.

Procure ouvir outros pais e partilhe com eles as suas preocupações - lembre-se de que quanto maior for o seu envolvimento com o percurso escolar do seu filho melhor será a sua percepção sobre os problemas.