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AS DISCUSSÕES COM O MEU MARIDO NÃO TÊM FIM

Vivo maritalmente há 14 anos com um homem que eu sempre soube que tinha uma cabeça complicada. Sempre gostei de sexo e sempre promovi as brincadeiras sexuais com a intenção de "apimentar" a relação, o que foi de certeza o que o atraiu. Sempre tivemos discussões, pois ele é extremamente inseguro, ciumento e possessivo. Além de que muitas vezes me fazia perguntas íntimas acerca dos meus relacionamentos passados, às quais eu respondia (ingenuamente), achando que me estava a dar a conhecer. Neste momento a situação está incomportável para mim, porque a cabeça dele não mudou um milímetro. Depois de 14 anos a provar que sou merecedora da sua confiança, as discussões não têm fim, pelo contrário, a cada nova discussão, junta os argumentos da última, pelo que as discussões são intermináveis e esgotantes. A sensação que tenho é que estou a falar com um surdo. Tudo o que digo é sempre aproveitado para ser usado contra mim e algumas vezes até deturpa o que digo e afirma veementemente que "eu" é que disse. O meu apetite sexual diminuiu, o que serve mais ainda de motivo de discussão, porque naquela cabecinha "eu" tenho "outro". Considero-me uma pessoa com alguma instrução e já fiz algumas pesquisas e li sobre problemas conjugais e falta de apetite sexual na mulher, e sei que a sua falta de respeito, os seus constantes insultos e humilhações, a sua falta de empatia e o facto de minimizar os meus insistentes avisos de que as coisas não estão bem e que terá de mudar são os principais responsáveis por este problema. As discussões cada vez são maiores, mais violentas. A minha paciência cada vez é menor, avisa sempre que se vai embora, mas nunca vai, pois não é essa a sua intenção. Da última vez, falei com uma pessoa da sua família que achei que podia conversar com ele, ajudá-lo e até era importante desabafar com alguém. Assim que soube que eu poderia ter contado a alguém ficou furioso, o que me leva a crer que tem plena noção de que as suas atitudes são exageradas e infundadas e não quer ser "descoberto". Já lhe falei em terapia, mas não quer nem ouvir falar disso. Sinceramente, não sei o que fazer para descalçar esta bota.

C.


Como já tenho tido oportunidade de referir, a sexualidade pode funcionar como uma espécie de barómetro da satisfação conjugal. Dadas as diferenças de género habituais no casal, é o marido que muitas vezes se apercebe que há um problema quando existe alguma deterioração na satisfação sexual. Não raras vezes estas dificuldades são precedidas de inúmeras queixas da mulher que parecem passar "em claro". Estas dificuldades de comunicação são muito frequentes e tendem a agudizar-se, contribuindo para o afastamento físico e emocional dos membros do casal. Felizmente, tudo isto é reversível, desde que ambos reconheçam que é possível lutar pela relação e, por isso, implementar mudanças.

Antes de mais, importa que ambos se responsabilizem pelos próprios erros, em vez de manterem o braço-de-ferro acerca de quem detém maior culpa. A auto-reponsabilização é meio caminho para a resolução dos problemas. Este processo depende da capacidade para comunicar de modo assertivo, isto é, sendo tão claros e sinceros com o cônjuge quanto for possível e inclui competências importantes como a capacidade para elogiar o cônjuge, manter o interesse diário e genuíno acerca das suas preocupações, conquistas e necessidades, ser capaz de reconhecer os próprios erros e pedir desculpa, ser capaz de travar a escalada de uma discussão, retomando o assunto numa altura em que ambos estejam de cabeça fria e, claro, alimentar projectos de vida a dois. Quando estas competências não surgem como resposta a um período de crise, é fundamental recorrer à ajuda externa, sob pena de a ruptura ser só uma questão de tempo. Compete-lhe a si e ao seu marido olharem para dentro do casamento e usarem todos os recursos para restaurar a harmonia.