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SATURADA COM O COMPORTAMENTO DAS ENTEADAS

Tenho 27 anos, uma filha de cinco e vivo com o pai da minha filha há 8 anos. Tudo muito bem até eu contar que tenho duas enteadas (uma com 10 e outra com 16). Estão connosco de 15 em 15 dias, ao fim-de-semana. Quando chega ao Domingo à noite, fico muitas das vezes aliviada. Ultimamente tem sido um martírio, não que não o fosse já, mas talvez eu já esteja mesmo a ficar saturada... Não acho normal, e revolta-me o facto de principalmente a mais velha passar dois dias inteiros a ver televisão, a ouvir música ou ao computador. Só faz a cama porque a mandam, só se vai vestir e lavar quando lhe digo, e mesmo assim às vezes tenho de o fazer mais do que uma vez... Já chamei a atenção ao pai, mas a resposta que eu tive foi: "Só estás bem é a implicar com elas"... Não é verdade. Nunca lhes levantei a mão, nunca as obriguei a fazer nada... Há cerca de quinze dias ele reparou e comentou não lhe parecer normal que, principalmente a mais velha, passe dois dias inteiros na sala. Disse-me para puxar mais por ela! Este fim-de-semana estiveram cá. Chamei a atenção às duas que a mesa tem de ser posta e levantada, por exemplo... Mesmo assim, numa das vezes levantaram-na mas tive quase de pedir por amor de Deus. Passei-me no Domingo. Chamei novamente a atenção, à frente dele, e ele ficou danado comigo. Quando se foram embora, disse-me que não acha bem nem quer que as filhas sejam minhas escravas... Ele não percebe que não é normal que elas não façam nada. O simples facto de arrumar o quarto, pôr ou levantar a mesa... Não sei como lhe explicar! 

A.

Ser padrasto ou madrasta é sempre um imenso desafio. Por um lado, estão lá os afectos e a vontade de desenvolver laços emocionalmente saudáveis; por outro, há quase sempre algum "nevoeiro" em relação à definição de papéis e à gestão das regras e da disciplina.

Em primeiro lugar gostaria de chamar a sua atenção para o comportamento da sua enteada mais velha. De um modo geral, qualquer adolescente de 16 anos passa os fins-de-semana entre a televisão e o computador, particularmente se estiver longe dos amigos/ colegas de escola. Assim, o facto de a sua enteada se isolar não implica uma atitude de hostilidade.

Quanto às regras e à disciplina, gostaria de chamar a sua atenção para duas notas. Em primeiro lugar, existe o risco de os seus reparos serem vistos/ sentidos como críticas ou ataques pessoais, e não como queixas legítimas. É provável que o seu marido não esteja tão atento às tarefas domésticas ou ao acréscimo de tarefas associado aos fins-de-semana com as filhas, pelo que sempre que a A. se exalta é vista como a pessoa que está "sempre a implicar". É importante centrar-se em situações ou comportamentos específicos, evitando generalizações. Por exemplo: "Não gostei que a "X" se tivesse levantado da mesa sem nos ajudar porque isso faz com que me sinta mais cansada. Preferia que cada um levantasse o seu prato".

Em segundo lugar, a gestão da disciplina depende do reconhecimento dos dois membros do casal de que é necessário implementar um esquema de implementação de regras. Este esquema pode incluir recompensas e castigos e inclui alguns passos:


  1. Definir claramente as tarefas a desempenhar por cada uma das filhas. Por exemplo: a uma competirá pôr a mesa e a outra competirá levantá-la (diariamente).
  2. Definir claramente os comportamentos que possam ser encarados como "falhas". Por exemplo: deixar loiça espalhada pelas diferentes divisões da casa.
  3. Definir claramente o número de sucessos e insucessos necessários para que a "prova" seja superada.
  4. Definir claramente (de forma realista e exequível) as recompensas / os castigos a aplicar.