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DIVÓRCIO RECENTE

Recentemente pedi o divórcio ao meu marido e pai do meu filho, hoje com 22 meses. Na altura pensei que o que sentia por ele era apenas uma grande amizade e um enorme carinho, tal e qual se sente por um irmão. No entanto, a tristeza dele, a ausência dele, as memórias do nosso passado feliz e a queda dos projectos em comum deixam um vazio, uma angústia e tristeza enormes em mim. Começo a duvidar se terei tomado a atitude certa ou se terá sido o desgaste da nossa relação de 12 anos que não me tenha deixado ver se ainda sinto amor por ele. Esta história é mais complexa do que isto, pois enquanto ainda vivíamos juntos e as coisas já não estavam bem, quando as discussões eram o ponto central da nossa relação, sempre me questionei do porquê de não conseguir ser feliz; faltava companheirismo, amizade, tolerância e energia para melhorar a nossa vivência. No entanto, sozinha nunca fui capaz de encontrar as respostas, mas ao conhecer outra pessoa e ao começar a sentir por ele tudo o que agora adorava sentir pelo meu ex-marido, percebi que estávamos (eu) completamente desligados a nível emocional. Ainda que nutra por outra pessoa o que acho que são os verdadeiros sentimentos de união num casal, não imagino o meu quadro familiar com outro que não o meu ex-marido. Questiono-me a toda a hora o que aconteceu ao "para sempre", ao "amor infinito", ao "para o que der e vier", ao amor que eu sei já senti com todas as minhas forças por ele e desejo do fundo do coração voltar a sentir. A outra pessoa propôs-me um corte total de contactos, para que pudesse tentar que a minha relação desse certo, propôs afastar-se e perder tudo aquilo que conquistou e com que sempre sonhou em prol da minha felicidade e da união da minha família e que quando eu o quisesse amar, a ele, quando realmente o quisesse amar só a ele, que ele estaria lá. Esta pessoa não vive perto de mim, estamos separados por mais de 300km e nem eu nem ele podemos abandonar as nossas vidas nas nossas cidades para tentarmos uma relação com outra proximidade física, coisa que neste momento não existe. Com toda esta história, sinto-me como um barquinho à deriva, sem rumo e sem saber onde encontrarei um porto seguro. Nunca antes na vida tive tanto medo como tenho agora. Acha que algum dia será possível que volte a encontrar de novo tranquilidade para ver a vida com encanto? Acha que poderei voltar a ter paz de espírito e assim conseguir ser feliz e criar o meu filho num ambiente harmonioso? Agradeço-lhe do fundo do coração toda a luz que me puder dar nesta altura tão difícil.

A.

O fim de uma relação amorosa está quase sempre associado à assunção de que pelo menos um dos membros do casal já não se sente feliz. Pode ser difícil determinar se ainda há amor, ou se o amor que existe está mais próximo do fraternal do que do romântico, mas torna-se progressivamente clara a ausência de felicidade. Nesse processo, há quem recorra à ajuda da terapia conjugal para avaliar até que ponto é possível reconstruir a relação. Identificar as lacunas existentes e promover competências faz parte destes processos e daí podem resultar decisões importantes. Mas há algo por que nenhum terapeuta conjugal se pode responsabilizar: não é possível fazer com que uma pessoa volte a apaixonar-se por outra.

Quando a crise se instala e a distância emocional entre os cônjuges cresce, é natural que surjam dúvidas e que os problemas se traduzam em dificuldades de comunicação e sensação de incompreensão. Como a generalidade dos casamentos longos e felizes é baseada numa profunda amizade e união entre os cônjuges, é expectável que, mesmo quando o amor romântico desaparece, haja angústia, sentimentos de perda e luto. De um modo geral, é desejável que depois de uma ruptura conjugal cada uma das pessoas possa fazer esse luto, essa reconstrução, para que, mais cedo ou mais tarde, volte a amar. Acontece que não raras vezes a vida troca-nos as voltas e uma nova paixão acaba por ser precisamente o alerta de que algo não está bem na relação original.

Não posso avaliar aquilo que sente pela pessoa com quem se envolveu entretanto, mas posso empatizar com as dúvidas que sente em relação ao futuro. A distãncia física que os separa poderá ser determinante para a recuperação da sua estabilidade e para a avaliação dos seus sentimentos. Nestes processos é fundamental permitir que o tempo dê uma ajuda. A dor ou o desespero associados ao fracasso de um casamento são sempre ultrapassáveis. Há-de chegar o dia em que a paz voltará a dominar a sua vida.