PÁGINA INICIAL     |     AMOR     |     ANSIEDADE      |     CIÚME     |     DOENÇA E MORTE     |     FAMÍLIA     |     FOBIAS     |     INFIDELIDADE     
VIOLÊNCIA     |     DIVÓRCIO     |     EDUCAÇÃO DOS FILHOS     |     ÁLCOOL E DROGAS     |     COMPORTAMENTO ALIMENTAR     |     DEPRESSÃO

MAL-ESTAR FÍSICO OU PSICOLÓGICO?

Tenho 29 anos e sempre fui uma pessoa saudável, embora reconheça que tenho um trabalho bastante stressante, que me ocupa mais de 8h diárias, e que tenho uma vida completamente sedentária nos últimos anos. Apesar de já ter tido há alguns anos ligeiras depressões que, felizmente, passaram... este ano tem sido um ano muito difícil para mim. Felizmente, tenho uma família espectacular, amigos e sou uma pessoa bastante sociável e bem disposta. No entanto, como referi, este ano não tem sido muito fácil, devido a certos acontecimentos, desde a perda do meu animal de estimação, que considerava mais do que uma pessoa da família, e umas fortes dores de cabeça que se alojaram durante uma semana consecutiva. Fui ao médico e diagnosticaram a minha hipófise dilatada, ou seja, com um tamanho não desejável. Apesar do medo que tive antes de saber os resultados desta doença, perdi outro ente querido antes de embarcar para uma viagem, o que fez com que não me despedisse do mesmo e não tivesse o apoio da família directa durante alguns dias. Passados três meses de sucessivos exames médicos, finalmente descobrimos que apesar da dilatação da hipófise, estava tudo a funcionar normalmente. Confesso que me saiu um peso de cima, porque tive bastante medo do que pudesse advir daí. Quando regressei ao trabalho, as dores de cabeça regressaram, embora menos constantes e menos fortes... e sabendo que não mudei o meu ritmo, pensei que fosse apenas cansaço. Nesta semana, de repente e no meu local de trabalho, voltaram a surgir as dores (embora menos fortes), associadas a náuseas, sensação de comida na garganta, desequilíbrios e grande mal estar. A minha vontade era estar sempre a segurar a cabeça, especialmente na zona da nuca e cervical e tinha a sensação de que a mesma ia explodir. Vim para casa, contactei a linha saúde 24, que me aconselhou ir ao CATUS da minha residência. A médica que em atendeu disse que poderia ser várias coisas, desde a visão (pois sofro de hipermetropia e uso óculos e lentes de contacto), pois posso não ter a graduação correcta e disse-me que a minha cervical estava inflamada. A verdade é que passo o dia todo num local de trabalho com más condições e consequentemente com uma má postura e mais de 8h em frente a um computador, com fraca luminosidade, com monitores antigos e bastante ruído. Receitou-me uma loção para massajar a zona da cervical e um anti-inflamatório. No dia seguinte não fui trabalhar e descansei, levando a que os sintomas fossem diminuindo. Ontem fui trabalhar e só aguentei até à hora de almoço, recorrendo a um serviço de urgência hospitalar. Os sintomes ainda foram piores: náuseas, desequilíbrios, dores de cabeça, suores, dormência nas pernas e pés, vómitos, aceleração cardíaca, sensação de paralisação de algumas zonas da face e pescoço... entre outros. Após 2,5h de espera, uma crise de nervos e choro apoderou-se de mim, fazendo com que a minha chamada fosse mais rápida. Depois de me acalmar um pouco, consegui transmitir tudo ao médico, que após visualização de todos os meus exames, me disse que estava tudo bem com a minha cabeça e que acreditava que poderia ser uma grande crise de ansiedade. Medicou-me na hora com um relaxante muscular e melhorei. Receitou-me outro ansiolítico, e hoje já me senti melhor, embora com algumas sintomas mais fracos, apesar de não ter ido trabalhar, para descansar. Confesso que tenho receio destas doenças psicológicas, que tenho medo de voltar a ir trabalhar e associar aquele sítio ao lugar onde já me deu este problema três vezes, e passar a ter uma fobia... Sei que tenho de mudar os meus hábitos e acalmar-me... mas confesso que, tendo sido sempre o pilar da família e dos amigos, me sinto muito "pequenina" neste momento. O que me aconselha ou qual a sua opinião deste pequeno relato da minha vida actual?
A.

Não posso nem devo fazer qualquer diagnóstico via Internet, mas a sua situação é, infelizmente, comum a muitas outras pessoas. Claro que percebo a sua angústia e partilho da sua preocupação, mas devo dizer-lhe que a sua tranquilidade deve ser directamente proporcional ao resultado dos exames a que se tem sujeitado. Fez muito bem em recorrer à ajuda médica para despistar a possibilidade de existir alguma complicação física. Realizado este despiste, não vejo motivos para temer o aparecimento de qualquer fobia, nem mesmo de outra perturbação grave. Reconheço, isso sim, que é provável que tenha estado submetida a níveis de stress e pressão demasiado violentos. Como é de carne e osso como as pessoas que normalmente apoia, é natural que se sinta esgotada e que precise de abrandar o ritmo. Por outro lado, e porque não sei qual é a possibilidade de implementar mudanças no seu trabalho, também me parece ajustado que possa equacionar outros recursos. Por exemplo, o desporto é altamente terapêutico em situações de burnout - permite-nos descomprimir, ao mesmo tempo que produzimos hormonas imprescindíveis ao nosso bem-estar. Outra sugestão que gostaria de lhe deixar é a de, mais frequentemente, deitar cá para fora aquilo que a incomoda. É também para isso que servem os amigos e todas as pessoas que gostam de nós. O preço de acumularmos as nossas angústias pode passar pela ocorrência de crises de ansiedade, que não são mais do que um alerta emitido pelo nosso corpo.