PÁGINA INICIAL     |     AMOR     |     ANSIEDADE      |     CIÚME     |     DOENÇA E MORTE     |     FAMÍLIA     |     FOBIAS     |     INFIDELIDADE     
VIOLÊNCIA     |     DIVÓRCIO     |     EDUCAÇÃO DOS FILHOS     |     ÁLCOOL E DROGAS     |     COMPORTAMENTO ALIMENTAR     |     DEPRESSÃO

NUNCA TIVE UM NAMORADO

Tenho 19 anos (quase a completar 20) e nunca tive um namorado e muito menos sei o que é um beijo. Não é por falta de vontade própria ou de desejo mas sim porque talvez não tenha sido feita para ser amada por alguém, ou porque sou mesmo azarada no amor... não sei. Anteriormente tinha muita auto-estima e confiança em mim, mas agora isso desapareceu desde que fiquei sem o meu cabelo (não querendo entar em muitos detalhes sobre isso agora). Sou africana e o cabelo é das belezas e riquezas mais importantes que uma rapriga pode trazer de herança. Sei que posso ser vista como uma pessoa fútil, etc. Mas o facto é que a minha imagem era a única razão sustentável da minha confiança. Na minha adolescência dos 10 aos 14, 15 era gozada na escola pela minha aparência, por ser gordinha e feia. Até atingir alguma maturidade e conseguir criar a minha própria personalidade e modificar a minha imagem. Havia passado de patinho-feio a cisne. Mas nem mesmo a minha mudança de aparência foi suficiente para despertar o interesse dos rapazes. Apenas recebia elogios do sexo oposto, mas nunca obtive um único pedido de namoro. Nunca saio de casa desarranjada. Saio para festas, discotecas, enfim, locais onde se pode conhecer novas pessoas, mas não tem dado resultado positivo. Agora sinto que regredi em tudo o que já me tinha tornado como pessoa, e sinto que a possibilidade de vir a namorar algum dia está a ficar cada vez mais limitada e reduzida. Não sei o que pensar. E estou farta de estar só. Hoje em dia até miúdas de 12 anos já namoram e eu sinto-me bastante frustada com isso. O que haverá de errado comigo afinal?
M.

A adolescência é, de um modo geral, o período da vida em que surgem os primeiros amores. É também a altura em que os problemas tomam dimensões desproporcionais e em que as diferenças em relação aos amigos e colegas mais sobressaem. Apesar de quase todas as pessoas terem na sua bagagem emocional histórias de amores platónicos, amores não correspondidos, vazios afectivos e frustrações amorosas, só o tempo e o amadurecimento permite olhar para estes factos com discernimento.

Compreendo que se sinta triste e frustrada por não estar a viver uma história de amor. Acredite também que empatizo com as suas preocupações no que diz respeito à imagem. Não posso considerá-la uma pessoa fútil. Seria, aliás, hipócrita, considerar que a falta de cabelo é um problema que se encare com leveza. Não posso, no entanto, concordar com a ideia de que a sua imagem possa ser a única fonte de auto-estima e segurança. Estou certa de que existem muitos outros motivos de que possa orgulhar-se e que nada têm a ver com a sua imagem. De resto, nenhuma relação amorosa sobrevive apenas à conta da beleza. Se não for capaz de reconhecer as suas qualidades, de apreciar as suas competências, como é que os outros a poderão valorizar?

Faz muito bem em sair e tentar conhecer pessoas novas, mas é preciso que invista afectivamente nessas relações. Interessar-se genuinamente por aquilo que as outras pessoas dizem/ fazem aproximá-la-á dos seus amigos de uma forma diferente. Por outro lado, para que os outros possam interessar-se por aquilo que diz/ faz, é preciso que identifique os seus próprios gostos e objectivos. Já reparou que as pessoas mais seguras e interessantes são normalmente aquelas que lutam pelos seus objectivos e que investem realmente nas relações afectivas?

Quem sabe fazer e manter amizades acaba invariavelmente por encontrar o amor romântico. Aos 19 anos a espera pode parecer-lhe desesperante mas, garanto-lhe, mais cedo ou mais tarde viverá tudo aquilo a que tem direito.