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ANSIEDADE GENERALIZADA

Esta é mais uma das muitas noites em que visito sites e blogues sobre ansiedade. Claro, sou um dos muitos milhões em todo o mundo que sofre de ansiedade. A minha dúvida é se será generalizada, sendo certo que estou permanentemente ansioso, e interrogo-me diversas vezes acerca do porquê desta maldita ansiedade. Tenho 32 anos e sou bombeiro voluntário, treze anos foram passados como bombeiro profissional. Devido a esta ansiedade resolvi sair e mantenho-me só como voluntário. Pensei que o motivo que me deixava constantemente ansioso fosse a pressão a que era submetido diariamente ao exercer esta profissão, mas cheguei à conclusão que mesmo mudando de emprego a situação se mantém. Não conseguindo lidar com esta situção resolvi ir a um especialista em psiquiatria que me disse exactamente aquilo que esperava, sofria realmente de ansiedade generalizada, faço busansil e cipralex há um ano e 3 meses, mas para minha tristeza não vejo melhoras. Tenho medo de me ir abaixo, tenho um filho lindo com 3 anos e uma esposa magnífica que me tem apoiado, mas não sei por quanto mais tempo ela irá suportar a situação. Quero ser um exemplo para o meu filho, como o meu pai foi para mim. Dr.ª diga-me, estes tratamentos são longos? Acha que um dia poderei superar estas crises? Gostaria que me desse agumas dicas sobre como contornar os sintomas sem que os leve tão a sério. Por vezes fico com medo de adormecer e não voltar a acordar ou então que com esta tensão permanente me venha a dar um enfarte. Certamente as suas palavras me darão algum alento nesta fase da vida que é por mim vista como um obstáculo incontornável.
H.

Os transtornos de ansiedade são potencialmente incapacitantes, na medida em que afectam não apenas o nosso bem-estar, mas também as relações familiares e sociais e até a realização das mais simples tarefas do dia-a-dia. Para quem não conhece este tipo de transtornos, talvez seja difícil perceber como é que alguém pode ver a sua vida "virada do avesso" em função da aceleração/ agitação a que se vê sujeito diariamente. Não quero com isto dizer que quem sofra de ansiedade generalizada ou de qualquer outra perturbação ansiosa esteja condenado a uma vida difícil. Pelo contrário, as perturbações ansiosas afectam milhões de pessoas em todo o mundo mas são tratáveis.

Bem sei que seria desejável que pudéssemos resolver estas dificuldades em pouco tempo e apenas com o recurso a alguns comprimidos. É difícil encarar a hipótese de as melhorias serem graduais e/ou de o tratamento poder estender-se no tempo. Mas cada caso é único, cada história requer atenção especial e é preciso ser perseverante.

Tratando-se de transtornos que afectam homens e mulheres de todas as faixas etárias e de todas as classes sociais, estas perturbações atingem sobretudo as pessoas menos habituadas a identificar e a gerir as suas emoções. Daí que, a par da ajuda farmacológica, quase sempre determinante, é muito importante que o doente possa também ser acompanhado em sede de Psicoterapia. A ajuda de um psicólogo experiente é quase sempre fundamental para que possam ser analisadas as causas da perturbação e para que as emoções possam ser trabalhadas.

Fico feliz por perceber que tem contado com o apoio da sua mulher. Sei que não é fácil para o cônjuge gerir as consequências de uma situação como esta. Quer pela sua relação conjugal, quer pela relação com o seu filho, faz todo o sentido que possa ser perseverante no seu tratamento.

Falar abertamente sobre aquilo que o preocupa, bem como sobre as suas feridas emocionais, sobre as vulnerabilidades do passado, pode ser importante para que se sinta mais livre, mais sereno. Mas lembre-se de que as pessoas que gostam de si não podem ser simultaneamente médicos, psicólogos, amigos. A cada um competirá uma função diferente, sob pena de este se transformar numa peso imenso para a sua família.

Claro que paralelamente à ajuda especializada há exercícios diários que pode fazer para gerir os picos de ansiedade. Isso passa por ser capaz de desconstruir os pensamentos mais irracionais (dizendo a si mesmo inúmeras vezes "isto não é um problema porque..."), realizando actividades que o distraiam das ruminações, ou até tentando realizar um registo diário das coisas positivas que vão acontecendo (para treinar o seu cérebro para o optimismo). Além disso, seria positivo que pudesse envolver-se de forma regrada numa actividade física de que goste. O desporto é potencialmente terapêutico para as perturbações de ansiedade. Mas o mais importante é interiorizar que tudo passa nesta vida e que este mal-estar também vai passar.