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DISTÚRBIO DE ANSIEDADE

Sou uma rapariga de 20 anos e sofro de agorafobia, resultado de um distúrbio de ansiedade. Isto impede-me por vezes de frequentar espaços com grande concentração de pessoas e sítios fechados, onde sei que será difícil um escape. Acontece-me frequentemente no comboio, sendo este o meu transporte diário. As crises de pânico são horríveis, tenho a noção de que é irreal, mas sentindo-o chega mesmo a ser quase real. Os meus sintomas são falta de ar, aceleração dos batimentos cardíacos, suores nas mãos... Não consigo comer num local público e chego a pensar que se não sair daquele local imediatamente vou morrer. Tenho a sensação de que as pessoas estão a olhar para mim e isso incomoda-me imenso. Penso também que se me acontecer algo as pessoas vão pensar mal... Vão ridicularizar-me. É um sofrimento intenso. Já tentei enfrentar este meu medo, mas acabo sempre por desistir.... E chego a revoltar-me comigo própria, até mesmo a chorar. Queria ser uma pessoa normal. Como hei-de enfrentar este medo que me incapacita de ter uma vida normal?
S.

Qualquer psicólogo clínico sabe que os transtornos de ansiedade são muito mais comuns do que a generalidade das pessoas pensará. As crises de ansiedade, os episódios que envolvem a agorafobia e a fobia social são dificuldades com que trabalhamos diariamente. Ainda assim, existe uma larga fatia da população que não chega aos consultórios de Psicologia ou sequer aos gabinetes dos médicos de família. A vergonha, o embaraço e o medo da exposição ao ridículo são inerentes a praticamente todas as pessoas, mas podem e devem ser contornados, particularmente quando as dificuldades se agudizam e comprometem o normal funcionamento das nossas tarefas.

Como refere, e bem, esta sintomatologia pode ser muito incapacitante, na medida em que limita as suas actividades e a possibilidade de socializar com aqueles que a rodeiam. Não duvido nada do seu sofrimento e reconheço que não é fácil enfrentar estes medos, mas, como refiro tantas vezes, não faz sentido desperdiçar o seu tempo, a sua vida, fechando-se sobre si mesma. Não partilhar o problema com um especialista implica que se veja como uma pessoa anormal, que não é. É NORMAL que se sinta muito ansiosa, mas é preciso identificar os factores que estão por detrás deste transtorno. Lembre-se de que a sua recuperação depende em larga medida de si - não da sua força de vontade, mas dos passos que for capaz de dar no sentido de receber o acompanhamento devido. Não permita que a sua ansiedade a defina ou limite a sua felicidade. Mesmo que não tenha possibilidade de recorrer a um psicólogo particular, fale com o seu médico de família para que definam, juntos, a melhor alternativa.