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COMPULSÃO ALIMENTAR

Tenho, desde o início da minha adolescência, uma relação de paixão/ódio com a comida. Ao longo do tempo e com o acesso a mais informação, percebi que o meu problema tinha nome - compulsão alimentar ou, de acordo com a designação da Dr.ª, voracidade alimentar. Entre os meus 15 e 30 anos (idade que tenho agora) o meu peso já variou entre os 45 e os 65 quilos. Passo a vida entre as dietas e as fases de compulsão... Tive comportamentos bulímicos, estive muito perto de uma anorexia, isolei-me, tinha medo de sair, de conviver, tinha vergonha do meu corpo e culpei-o por tudo o que de menos bom me acontecia. Daqui resultou uma auto-estima muito frágil, uma insegurança enorme, problemas de ansiedade (já não durmo sem medicação há mais de 5 anos) e uma certa instabilidade emocional. Agora, com 30 anos e depois de ter tentado vários tipos de ajuda - nutricionista, psiquiatra, uma experiência com a psicologia - qual o caminho que deverei seguir? Já assumi o problema perante familiares e namorado, quero muito tratar-me, mas não sei que via seguir. (Sou da zona Norte (Braga), pode aconselhar-me tratamento na minha zona?) Desde já agradeço a atenção que me possa conceder.
L.

Tal como acontece com a maior parte das mulheres que enfrentam transtornos do comportamento alimentar, presumo que já tenha acedido a uma vasta quantidade de informação sobre esta matéria, bem como à diversidade de tratamentos disponíveis. O facto de ter assumido o problema, quer para si mesma, quer para as pessoas de quem gosta, é positivo mas eu também sei que implica uma vulnerabilidade maior. A voracidade alimentar está muitas vezes relacionada com a dificuldade em gerir as emoções e as relações afectivas e acaba por ser a tradução da necessidade de sentir algum controlo sobre a própria vida, pelo que me é fácil estimar que da partilha que já fez com o seu namorado e com a sua família possa resultar algum desespero e até a sensação de incompreensão. Permita-me no entanto louvar o seu discernimento e incentivá-la a continuar o caminho a que já deu início. A resposta à sua pergunta é a perseverança. Não sei o que correu mal nas diferentes intervenções clínicas a que se submeteu, mas sei que o mais seguro será procurar um médico e um psicoterapeuta que possam acompanhá-la e em quem confie. A intervenção multidisciplinar é efectivamente a mais eficaz nestas perturbações, pelo que importa que combine o acompanhamento médico e farmacológico com a psicoterapia (que poderá ser extensível a algumas pessoas da sua família, pelo que recomendo vivamente que procure um psicólogo com formação em terapia familiar). A procura deste tipo de ajuda pode não corresponder imediatamente às suas expectativas, mas deve lembrar-se que é responsável por si mesma e pelo seu bem-estar e que não é justo desistir às primeiras contrariedades. Sinta-se à vontade para colocar todas as dúvidas que tiver aos clínicos que estiverem a acompanhá-la e, se ao fim de algumas consultas não se sentir ajudada, procure outro técnico. Não deve sentir vergonha por querer o melhor para si. Estas são dificuldades que atingem muitas pessoas em todo o mundo e que podem ser tratadas.

Em Braga há com certeza profissionais especializados nesta área, pelo que poderá pedir uma referência ao seu médico de família. No Porto costumo recomendar o Prof. António Roma Torres, Psiquiatra com formação vastíssima em terapia familiar e cujos contactos encontrará facilmente na Internet e/ou nas listas telefónicas.